Vamos falar sobre eclipses? Esse é um dos temas menos compreendidos da astrologia, e toda temporada de eclipses provoca um burburinho nas redes sociais, surgindo várias dúvidas e questões a respeito desses eventos. Amanhã, 16 de maio, teremos um eclipse lunar total que será amplamente visível em todo o Brasil; cheguei a citá-lo já naquela edição de previsões para o ano porque ele terá grande impacto sobre eventos coletivos nos próximos meses.
Nessa edição, portanto, vamos tratar dos principais fatos que devemos saber sobre esse tipo de evento astrológico/astronômico, além de delinear previsões possíveis para o contexto específico do Brasil.
o que você precisa saber sobre eclipses
Existem eclipses solares e lunares: os solares ocorrem sempre na Lua Nova, quando a Lua fica suficientemente alinhada ao Sol e consegue encobri-lo; os lunares ocorrem sempre na Lua Cheia, quando a Lua é ocultada pela sombra da Terra.
Historicamente falando, eclipses sempre foram eventos grandiosos, porque implicam numa modificação imediata e evidente na aparência do Sol ou da Lua: num eclipse solar, toda a luz se esvai momentaneamente, e o dia “vira” noite; é um evento impactante e impressionante para quem o vive. O eclipse lunar é visualmente menos “dramático”, mas quando ocorre, também altera significativamente a Lua Cheia, que ganha com um tom avermelhado, como na foto alide cima — daí o porquê de chamarem às vezes o eclipse lunar de “Lua de Sangue” (cafona, mas fazer o quê).
Do ponto de vista tradicional, eclipses não são eventos benéficos, e a explicação é simples: na astrologia o Sol e a Lua são luminares, os astros doadores de vitalidade; é o Sol que permite a existência da vida terrestre como conhecemos, e a Lua reflete a sua luz. Quando os luminares são eclipsados, sua luz é interrompida; em termos simbólicos, tal interrupção é também uma perda de vitalidade, de visibilidade, de consciência ou de nitidez.
Na literatura astrológica tradicional, o Sol representa autoridades e figuras de poder, então os eclipses solares costumavam ser agouros especialmente ruins para os reis e imperadores. A Lua, em contraponto, representa o povo e as pessoas comuns, então é relatado que os eclipses lunares indicavam problemas que acometiam mais diretamente a população em geral: catástrofes naturais, enchentes, terremotos, epidemias, etc. Com alguns ajustes e atualizações, tais significados gerais ainda me parecem se aplicar bem à nossa realidade hoje: nos meus estudos mais recentes, notei que a ativação dos efeitos do eclipse lunar que ocorreu em novembro de 2021, parcialmente visto aqui no Brasil se deu junto da alta infecção da variante ômicron no país (por sorte, menos letal, devido à alta vacinação da população) e também com as fortes chuvas que ocorreram na Bahia no fim de dezembro e em Petrópolis, em meados de fevereiro; esses eventos coincidem bem com os períodos de ativação do eclipse lunar no contexto brasileiro. Vale dizer, contudo, que fenômenos naturais destrutivos sempre ocorreram — o problema é que, num mundo numa crise climática e ambiental cada ano mais agravada, o potencial de devastação de tais eventos hoje em dia é bem pior do que poderia ser. A astrologia, é claro, não tem a ver com as decisões que os seres humanos podem escolher e escolhem tomar.
Eclipses são eventos de natureza coletiva, normalmente envolvendo circunstâncias que afetam uma comunidade, uma região ou um país como um todo — num mundo globalizado como o atual, pode até afetar o mundo inteiro, como o que parece ter sido o caso do surgimento do novo vírus da COVID-19 (há astrólogos que relacionam a pandemia diretamente ao eclipse solar de dezembro de 2019, mas esse é um estudo que ainda não tive oportunidade de fazer para opinar). Além disso, seus efeitos podem se estender por meses (em casos de eclipses lunares) ou até anos (em caso de eclipses solares): esse impacto tão extenso é, provavelmente, uma das razões que os tornam eventos tão falados e debatidos.
Eclipses também podem ser relevantes a nível individual, mas isso é bem mais raro do que se imagina — é preciso que o grau do eclipse seja bem próximo à posição de algum planeta do seu mapa natal, e também que esse planeta esteja ativo, regendo um ciclo pessoal em curso. Eclipses podem sim indicar um “ponto de virada” importante na vida de alguém, não necessariamente significando catástrofes pessoais — mas também não costumam indicar facilidades, benesses e mudanças fáceis, justamente pelo simbolismo de corte de luz/vitalidade mencionado acima. Para significar a previsão de algo danoso a alguém, outros testemunhos no mapa natal e da Revolução Solar devem corroborar para isso. Do ponto de vista individual, a minha recomendação em relação à eclipses é não se preocupar tanto; em caso de muita dúvida ou inquietação, procure um astrólogo de confiança para uma consulta de previsões específicas a você — até porque, às vezes, um eclipse sob um ponto pessoal pode significar apenas uma baixa de energia ou um adoecimento leve, sem maiores consequências (falo por experiência própria).
Por último, e não menos importante: um eclipse só é relevante quando pode ser observado no local em que se está. Na Lua Nova em Touro do dia 30 de abril, por exemplo, tivemos um eclipse solar; como ele foi parcialmente visível apenas numa ínfima porção do Brasil, ele é razoavelmente irrelevante para nós. A lógica também é bem simples: astrologia é um conhecimento oracular baseado no que se observa no céu visível; se o eclipse for do outro lado do mundo, não nos interessa — ao menos, não diretamente. Gosto de frisar essa informação porque, como as pessoas se informam muito sobre astrologia e esses assuntos nas redes sociais, às vezes entram em contato com conteúdos e intepretações em inglês de outros países e realidades que não se aplicam à nossa.
Como alguns já sabem, o eclipse lunar de amanhã é extremamente relevante para o Brasil e poderá ser observado em todas as regiões do país. Ele ocorrerá às 1:11 da madrugada (horário de Brasília), quando a Lua estará bem alta e visível no céu.
eclipse lunar a 25º de Escorpião no Brasil
Duração total, períodos de ativação e “coincidências”
Antes de qualquer coisa, comecemos mapeando a amplitude temporal desse eclipse: seus efeitos devem durar até meados de outubro — não por acaso, decerto, até os entremeios do período de eleições, pegando o primeiro turno, mas não o segundo (vocês já sabem que, em termos astrológicos, a necessidade de um segundo turno me parece uma certeza).
Os efeitos desse eclipse devem começar logo, entre o fim deste mês de maio e começo de junho. Já a intensificação desses efeitos devem se dar entre meados de junho e durante todo o mês de agosto — em especial no período de 7 a 16 de agosto, quando Marte estiver cruzando próximo do grau 25º de Touro (16 de agosto, aliás, é o início oficial da campanha eleitoral).
Principais significados
No mapa para o Brasil, a Lua eclipsada em Escorpião aparece na casa 9, regendo a casa 5; ela aspecta Saturno em Aquário, por uma quadratura, e Marte em Peixes, por um trígono. O único fator atenuante para essa Lua é o fato de que seu próximo aspecto será com Júpiter (quando mudar de signo); de resto, o mapa indica uma situação bem complicada envolvendo os cenários de casas 5 e 9: os órgãos jurídicos reguladores (como TSE) e o próprio processo eleitoral (que se enquadra na casa 5) se mostram em risco por ameaças golpistas (Marte na 1) e sabotagens sorrateiras (Saturno na 12), como já bem evidenciado recentemente.
A meu ver, esse eclipse mostra sim riscos aumentados no processo eleitoral, atestando o que já devíamos saber: não há jogo ganho ou qualquer espaço pra relaxamento na defesa e manutenção do processo eleitoral. Apesar disso, considerando todos os mapas que envolvem as previsões do ano para o Brasil, o mapa desse eclipse também me parece corroborar para a derrota de Bolsonaro nas urnas. Infelizmente, o preço dessa derrota não é baixo, e muitas investidas agressivas e dissimuladas devem se impôr sobre o processo eleitoral e prejudicar a própria população: a extensão dos efeitos do eclipse confirmam que os próximos meses não serão de sossego.
O mapa do eclipse mostra risco efetivo de golpe? Em termos astrológicos, não vejo margem para isso, mas a próxima Lunação de Gêmeos (30 de maio a 28 de junho) é um período bem delicado e especialmente inflamado, por conta da conjunção de Marte e Júpiter em Áries (falarei mais sobre isso na próxima edição).
Outros efeitos e possíveis previsões
Por se tratar de uma linguagem simbólica, mapas podem significar muitas coisas. As ameaças golpistas e tentativas de sabotagem se colocam nesse mapa como um dos temas principais, mas vários outros assuntos podem ser lidos a partir desses símbolos, e listo aqui mais alguns apontamentos:
A Lua eclipsada ocupa a casa 9, local que trata do sistema legal e tribunais, mas também assuntos estrangeiros, direito internacional, etc. A considerar todos esses temas, o eclipse parece aumentar a controvérsia no cenário internacional, embora sua amplitude afete mais fortemente os países aqui da América, além da porção ocidental da Europa. Pela quadratura da Lua com Saturno em Aquário, vejo duas possibilidades: ênfase ainda maior do nosso processo eleitoral no cenário internacional, ou prosseguimentos no âmbito de justiça envolvendo o Brasil e tribunais internacionais. TPP ou Tribunal de Haia: será que vêm aí?
A casa 9 também trata de tráfego marítimo, aéreo e comércio de longa distância. Lá na edição de previsões anuais, escrevi sobre o risco aumentado de acidentes aéreos, e o mapa do eclipse reacende esse tema. O perigo maior está naquele período de ativação do eclipse mencionado acima, que coincide com o trânsito de Marte em Touro.
A oposição da Lua em Escorpião com o Sol conjunto à estrela Algol, referente ao mito da Medusa, evoca a ideia de violência e reivindicação por justiça; tal violência deve estar estar relacionada especialmente à mulheres e/ou crianças. Algum caso já conhecido pode ganhar maior atenção ou pode vir à tona algum escândalo sexual envolvendo uma figura de poder (religiosa ou militar?), por exemplo.
Ainda sobre justiça: a quadratura que Saturno aplica aos luminares no mapa trata especificamente de alguma condenação e prisão relevante durante o período de duração do eclipse, mas aqui menciono um caso em particular: a execução de Marielle Franco em 14 de março de 2018 ocorreu quando o Sol estava conjunto à Markab, a Lua estava em Aquário e Júpiter em Escorpião: os três planetas se encontravam em graus bem próximos aos que Marte, Lua e Saturno ocupam no mapa desse eclipse. Durante o período de ativação do eclipse, é provável que tenhamos encaminhamentos importantes (ou quem sabe, finalmente, uma resolução) a respeito das investigações sobre os detalhes e circunstâncias de sua morte.
Eclipses são regidos por planetas, o que varia de acordo com o país ou região em que levantamos o mapa. Para o Brasil, Marte em Peixes conjunto à estrela Markab é o regente do eclipse, e aqui vale lembrar que, neste ano astrológico, Marte é o planeta regente do presidente; um dos significados dessa estrela trata de arrogância e de “cair do cavalo” (risos). Além disso, o Saturno no mapa do eclipse ativa bem de perto a Lua natal de Bolsonaro: entre muitos significados, incluindo sua derrota, uma das leituras que enxergo nesse mapa é a de uma eventual “fuga” dele para o exterior, após as eleições — mas isso é assunto para as previsões do segundo semestre.
Algol é uma estrela que trata da ideia de “estrangulamento” ou compressão, e o Sol que eclipsa a Lua está conjunto à ela, na casa 3: há movimentações significativas envolvendo insatisfações dos policiais rodoviários em relação às promessas do governo atual, e esse mapa também abre espaço para a interpretação de uma greve, paralisação ou bloqueio de estradas e vias de transporte terrestre, o que ocorreria ainda dentro da atual Lunação de Touro (até 29 de maio).
Quem me acompanha pelo Instagram deve saber que tenho ministrado oficinas mensais de prática de astrologia mundana, que têm sido um bom espaço de aprendizado e elaboração coletiva sobre esses temas; várias previsões compiladas aqui vieram ou foram enriquecidas pelas trocas com os participantes. Agradeço especialmente à Benício Bruno, Calira Santos, Carola Braga, Isabelle Fernandes, Juliana Machado, Manu Mello, Patricia Guedes, Pedro Joffily e Silvana Braggio, que participaram ao vivo e contribuíram diretamente para as pontuações escritas aqui.
No mais, fica a recomendação geral: tempo de eclipse é tempo de atenção, de redobrar a guarda, não se expor por bobeira, de proteger e cuidar do corpo. De resto, desejo a nós coragem, saúde, paciência e força para sustentar tudo que vem por aí. Evitem desgaste com as pequenezas, porque elas ocultam perigos maiores e mais danosos ao coletivo. E vamos em frente!
Ah, como essa edição está temática sobre eclipses, deixo para a próxima algumas interpretações sobre o Ingresso de Júpiter em Áries e sua próxima conjunção à Marte, ainda no fim desse mês. O que posso adiantar é que esse Júpiter em signo de Marte deve agravar as revoltas e discórdias ao redor do mundo, como bem compilou o astrólogo Dan Waites no Twitter. Os últimos acontecimentos envolvendo a execução da jornalista Shireen Abu Akleh na Cisjordânia e a oficialização da intenção da Finlândia em entrar para a Otan parecem preparar terreno para tais eventos. Seguimos observando.
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