“[...] rico só é o homem que aprendeu, piedoso e humilde, a conviver com o tempo, aproximando-se dele com ternura, não contrariando suas disposições, não se rebelando contra seu curso, não irritando sua corrente, estando atento para o seu fluxo, brindando-o antes com sabedoria para receber dele os favores e não a sua ira; o equilíbrio da vida depende essencialmente deste bem supremo, e quem souber com acerto a quantidade de vagar, ou a de espera, que se deve pôr nas coisas, não corre nunca o risco, ao buscar por elas, de defrontar-se com o que não é”
— trecho de “Lavoura Arcaica”, de Raduan Nassar
“As coisas acontecem no tempo delas”. Ouvi essa frase recentemente na boca de desconhecidos na rua e também de amigos próximos, na mesa de bar. Parece uma verdade que demanda nossa aceitação: o Tempo frustra expectativas, desobedece vontades e conduz os acontecimentos à sua própria maneira. Quantas coisas, afinal, até entendemos racionalmente, mas só vão se desenrolar ou amadurecer no tempo delas? Quando já não for de nosso interesse, controle ou vontade? Essa natureza sobre a compreensão do tempo e seus efeitos também é um assunto bem iluminado nessa lunação.
Na última quinta-feira, tivemos uma Lua Cheia em Aquário acompanhada de Saturno, ambos opostos ao Sol em Leão — a próxima vez que teremos uma configuração como essa será daqui a 28 anos. É uma lunação marcante, certamente. Vários posicionamentos sociais e políticos de relevância ocorreram nos últimos dias, e não por acaso: como escrevi lá na edição sobre a Lua Nova, essa é uma lunação de enxergar as circunstâncias e eventos que nos rodeiam mais às claras. Um período especialmente pertinente para se escancarar publicamente os embates entre diferentes tipos de domínio:
“essa é uma lunação de disputa de poder e alianças mesmo: é como se o tabuleiro político estivesse se organizando ao longo dessa lunação, com possíveis plot twists que nos pegam de surpresa. Nessa dinâmica estão também banqueiros, empresários e outros agentes de influência na economia que, a meu ver, tendem a se pôr contra o governo atual, que pode sofrer desfalques na base de apoio. Isso chega com mais força após a Lua Cheia, mas movimentações importantes devem começar desde já.”
[trecho da edição #47]
A Carta pela Democracia foi um dos textos que lidos na quinta-feira no Largo São Francisco, em São Paulo, quando houve também a leitura do manifesto em defesa da democracia e da Justiça, capitaneado pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). A primeira inclusive ultrapassou a marca de 1 milhão de assinaturas exatamente na noite do dia 11, praticamente no momento exato da Lua Cheia em Aquário. Às vezes, a astrologia é literal assim. Lua em Aquário conjunta à Saturno, em oposição ao Sol em Leão: o povo reúne-se e organiza-se em posição deliberadamente contra o poder estabelecido.
Além dessas manifestações de rua no dia da Cheia, tivemos outros eventos relevantes na semana, também sinalizados pela ênfase do Judiciário na lunação:
“Desde o Ingresso Solar em Áries venho escrevendo que o Poder Judiciário é um grande protagonista desse ano, e de fato temos visto uma ênfase maior sobre essas figuras nos últimos meses. Essa lunação vem reforçar essa previsão, e provavelmente nesse período veremos uma maior imposição de autoridade vinda de figuras ligadas à esse poder. Outra possibilidade (que não exclui a primeira) é um holofote voltado para figuras religiosas ao longo desse mês, especialmente líderes masculinos.”
[trecho da edição #47]
E tivemos atuações importantes nesse cenário: O TCU condenou Deltan Dallagnol por gastos excessivos na operação Lava-Jato, que agora pode ficar inelegível como pré-candidato a deputado federal no Paraná. A cassação do mandato do vereador bolsonarista Gabriel Monteiro também foi aprovada pelo Conselho de Ética da Câmara no Rio de Janeiro. É tempo, enfim, de posicionamento e decisão.
Nessa semana, começa a ocorrer uma mudança de ânimo e disposição no clima geral da coletividade: no próximo sábado, Marte finalmente deixa o signo de Touro para adentrar o ar mutável de Gêmeos, e o período de maior ápice dos efeitos do eclipse lunar finalmente se encerra (ufa!). Temos à frente uma semana enérgica, que será marcada pelo início da campanha eleitoral, no dia 15 de agosto — esse, inclusive, será o tema especial da próxima edição. Sem mais delongas, vamos à interpretação do mapa da Lua Cheia, com as previsões até 26 de agosto.
lunação de leão — lua cheia em aquário
previsões até 26 de agosto de 2022
A chegada da Lua Cheia se deu no momento em que ascendia no horizonte os últimos graus do signo de Áries: o Sol em Leão ocupando a casa 5, acompanhado da Vênus recém-ingressa no mesmo signo; opostos à eles, Lua e Saturno retrógrado em Aquário na casa 11. O regente do mapa é Marte em Touro conjunto à estrela Algol, em quadratura próxima aos planetas em Leão e Aquário. O cenário que se desenha é de posicionamentos e riscos mais bem definidos: a campanha eleitoral se inicia, o tabuleiro político está formado; contudo, algumas trocas de apoio inusitadas ainda devem ocorrer.
A primeira delas, prevista desde o mapa da Lua Nova, era de uma onda crescente de grandes empresários e influentes da economia se posicionando contra o governo atual — nessa segunda metade da lunação, isso pode vir com ainda mais força e intensidade, especialmente entre artistas e uma elite mais nova e popular. O governo parece ter que lidar com gastos inoportunos, cortes ou prejuízos ligados à economia: nem os auxílios eleitoreiros dão conta do tamanho da crise instaurada. A insegurança alimentar da população, inclusive, é um problema bem marcado nesse mapa, e razão de um esvaziamento de apoio do lado de lá. O governo se vê cercado de preocupações, numa paranóia generalizada. Mas ao mesmo tempo que uma oposição mais definida se consolida anti-Bolsonaro, pode haver uma certa migração de voto feminino para junto dele — nem que seja temporariamente, nessa quinzena até 26 de agosto.
Júpiter retrógrado em Áries no ascendente traz segredos ou sigilos à tona, e daquele tipo que podem envolver crimes e infrações relacionadas ao processo eleitoral. Tentativas de sabotagem e conspirações são pauta dessa segunda metada da lunação, embora eu não veja espaço para um novo escândalo com consequências grandiosas. Revelações? Pode até ter. Muda drasticamente o cenário? A meu ver, no máximo, mais imposição de autoridade por figuras do Judiciário, ainda bem fortalecidas até o fim do mês. As instituições podem não estar funcionando apropriadamente, mas alguma regulação mais firme se faz (e tem se feito) presente presente durante essa lunação. Essas informações sigilosas envolvendo conspirações ou denúncias de fake news podem emergir especialmente nas proximidades dos dias 18 e 19 de agosto, quando Mercúrio em Virgem alcançará antíscia exata com Júpiter em Áries.
Em outras instâncias, essa quinzena até a próxima Lua Nova pode se instaurar como um período de maior discernimento a nível pessoal, também: reconhecer seus afetos e desejos; elaborar aspirações e planos futuros; restabelecer vínculos com amizades que ficaram afastadas, ou mesmo reconhecer as que permanecerão em distância, por ser melhor assim. Reconhecer o que está dado são qualidades que os signos fixos expressam bem, e nesse período temos vários deles sendo ocupados.
Essa segunda metade da Lunação de Leão, enfim, carrega bem menos tensão e bloqueio do que o início do ciclo, proporcionando mais agilidade e pragmatismo para o dia a dia. Aproveitem, aliás, para resolver ou agilizar trâmites mercuriais até o dia 24, pois essas duas semanas até o fim da lunação estão bem favorecidas para os temas desse planeta: todas as atividades que envolvem comunicação, contratos, comércio, escrita e burocracia encontra menos impedimentos e caminhos mais ágeis para resolução.
editoria nova na área!
Comemorando o 1 ano do Meio do Céu, trouxe de novidade essa editoria temática que consiste em responder perguntas e dúvidas enviadas por vocês em formato de áudio. A ideia é trazer com alguma periodicidade, a depender da recepção e interesse dos assinantes. Enfim, solta o play aí e me diz o que você achou. Os comentários estão abertos isso :)
respondendo perguntas #1: sinastria, outros sentidos da casa 8, indicação de livros, antíscia, significados de Algol, técnicas de previsão e a casa 12 da Mariah Carey
Livros citados de indicação para uma introdução à astrologia tradicional:
Traditional Astrology for Today: An Introduction, do Benjamin Dykes (não confundir com o Introductions to Traditional Astrology, que é organizado por ele, mas são textos antigos de astrólogos árabes medievais);
The Real Astrology, do John Frawley (La Verdadera Astrologia, no espanhol);
Astrología Hermética, do Eduardo Gramaglia;
Tratado Das Esferas: Um Guia Pratico Da Tradição Astrológica, de Luis Ribeiro e Helena Avelar.
um abraço e até semana que vem,
AMEI O ÁUDIO!! Por mim teria toda semana kkkk
Amei o áudio!!! Quero mais <3