edição #54 | respondendo perguntas #2

fazendo o possível

set 18, 2022

Tenho um probleminha com o tempo: sou muito ruim em mensurar o quanto preciso dele para fazer as coisas. Sabe aquela trend de quais assuntos você poderia falar por horas? O “tempo”, pra mim, definitivamente é um deles. Por outro lado, organizá-lo no meu dia a dia, determinando o quanto eu vou preciso para cada tarefa e planejar uma semana, pode virar um suplício. Há uma certa ironia em ser astróloga e lidar mal com isso — afinal, astrologia é um oráculo que revela a natureza e a qualidade do tempo. Mas a verdade é que ele ainda me dá umas boas rasteiras. A última foi essa semana, em que juntou o fim de semestre no programa de pós-graduação que estou cursando, a proximidade do Ingresso do Sol em Libra (que, como astróloga mundana, implica em fazer previsões, retomar estudos e preparar a oficina), a entrega de alguns trabalhos e outros prazos coincidindo. Tô atropelada de coisa pra fazer? Sim. Mas como eu não criei essa newsletter pra passar sufoco, me propus a entregar apenas o possível essa semana. Por isso, a edição de hoje é curtinha: trago a segunda edição do respondendo perguntas, nossa editoria mensal em que eu respondo em áudio as dúvidas e curiosidades astrológicas que vocês me enviam, e também uma indicação de playlist pra nos acompanhar até o fim dessa Lunação de Virgem.

respondendo perguntas #2

lidando com previsões catastróficas, grupos de astrologia, Marte conjunto à Antares, significadores de esportistas, dias com clima pesado, locais de eletivas e planetas em “fase”

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Para quem não ouviu a primeira edição do respondendo perguntas, chega lá na edição #49 e dá o play pra ouvir!

para ouvir

Em 2019 eu inventei um projeto de fazer playlists usando a Lua como critério de escolha dos artistas para compôr cada seleção. Dava um trabalho danado ir atrás das informações de nascimento dos artistas — afinal, saber o signo solar é relativamente fácil, bastando saber minimamente o dia do mês em que alguém nasceu. Saber o signo da Lua, por outro lado, é mais complicado: como ela muda a cada 2 dias e meio, muitas vezes alguém que nasce na madrugada de um dia tem no mapa uma Lua em signo diferente de outra pessoa que nasceu no mesmo dia, no fim da tarde. Depois de fazer toda essa pesquisa e montar algumas playlists sozinha, reuni um grupo de praticantes e estudantes de astrologia pra tocar esse projeto, e chegamos a criar a Vega, um coletivo dedicado às relações entre música e astrologia. Acabei saindo do coletivo uns meses depois, mas enquanto estávamos juntos, fizemos várias playlist de forma colaborativa, e completamos o projeto das Luas nos 12 signos, que você pode acessar pelo meu perfil no Spotify ou pelo perfil da Vega.

A música sempre fez parte da minha vida, e quando criei esse projeto das Luas cantam, a minha ideia era investigar — dessa forma improvável e inusitada — as expressões musicais de artistas nascidos com a Lua em cada posicionamento. Aprendi muito no processo, porque realmente há temáticas que se repetem e formas de interpretar ou compôr músicas que ecoam os significados simbólicos das Luas desses artistas. Uma das mais expressivas nesse sentido é a Lua em Virgem canta ♍, minha indicação de hoje.

Há vários anos eu tinha a desconfiança de que muitos rappers teriam posicionamentos importantes no mapa natal em signos de Mercúrio (Gêmeos e Virgem), justamente pelo protagonismo da palavra em seu trabalho. Não deu outra, claro: essa a playlist tem Emicida, Criolo e Baco Exu do Blues, todos nascidos da Lua no signo de Virgem. (E talvez tenha muitos outros rappers mais, a questão é a dificuldade de acessar as informações de nascimento.) E também tem outros artistas que não fazem rap, mas tem a palavra como um ponto de interesse especial: Tom Zé, Jorge Mautner, Fiona Apple e Lou Reed, por exemplo. Como nada é tão óbvio ou simples assim, os artistas que compõem essa playlist são muito diversos em estilos, vivências e repertório; o único elo entre eles é ter nascido sob uma Lua em Virgem. De toda forma, é uma experiência curiosa ouvir essas playlists, tendo isso em conta. Há algum fio condutor entre tantas narrativas e sonoridas que carrega esse símbolo emocional e lógico de uma Lua num signo de Mercúrio. Fica a recomendação, então, da escuta dessa curadoria nesse período da Lunação de Virgem.

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um abraço e até semana que vem,