Bolsonaro perdeu. PERDEU. Vocês tem noção disso? Eu acho que a ficha vai caindo aos poucos, mas preciso aproveitar essa introdução da edição para reiterar a importância e o significado da vitória do Lula nas eleições. Bolsonaro foi o primeiro presidente da nossa história pós-redemocratização que não se reelegeu. Isso foi um feito. Uma vitória nossa. Mesmo com a máquina pública a seu favor, mesmo com os bilhões do orçamento secreto, mesmo com a redução de impostos sobre combustíveis, mesmo com o Auxílio Brasil e Vale Gás ampliado, mesmo com os benefícios para taxistas e caminhoneiros e outros usos eleitorais da Caixa Econômica Federal, mesmo com a instrumentalização do comprovante de votação funcionar como prova de vida do INSS, mesmo com o apoio evangélico, mesmo com o antipetismo, mesmo com a máquina de fake news, mesmo com a capilaridade do bolsonarismo nas redes sociais e mesmo, enfim, com as suspeitas operações da PRF nas ruas e estradas de cidades do Nordeste no dia do pleito, eles não conseguiram. Nada disso foi suficiente. Essa vitória é gigante. Ainda que a margem seja bem abaixo do que se esperava, e que tantos milhões votos no Bolsonaro indiquem que o caminho democrático e de justiça social no Brasil exigirá um trabalho inimaginável, nós vencemos. E o Brasil venceu. Posso dizer que, embora o cenário geral ainda esteja longe de qualquer tranquilidade, boa parte da tensão das últimas semanas virou alívio, no último domingo.
Essa lunação que será marcada por um bom nível de tensão e apreensão, sim — mas também de alívio. E pra quem sobreviveu os últimos 4 anos entre tanta desgraça, o qualquer vislumbre de encerramento desse capítulo da história não é pouca coisa. [trecho da edição #59]
Essa foi a previsão astrológica que mais tenho alegria de ter acertado na vida. Aproveito para agradecer a todas as mensagens, compartilhamentos, reconhecimento e carinho que recebi no último domingo — além do choro de alívio com a notícia da vitória, consegui sentir que a prática da publicação desses boletins toda semana, não ajudou só a mim mesma a lidar com tanto medo e incerteza, mas também a muitos de vocês. Por tudo isso, agradeço demais.
Agora, peço licença pra escrever um monte de coisa que é meio pessoal e meio freestyle da minha cabeça, mas vamos chegar na astrologia no final, prometo.
Uma coisa aparentemente banal me ocorreu nesse mesmo domingo de segundo turno das eleições. Foi num momento ainda no início da tarde, em que tudo que se podia fazer era esperar e tentar me distrair com qualquer coisa. O que aconteceu é que eu tive vontade de começar a fazer uma coisa nova, pelo simples prazer da prática (nem preciso compartilhar o que é, porque não é esse o ponto). Algo que poderia ser chamado de um hobby, sabe? Nada demais. Uma vontade corriqueira. Mas ela veio acompanhada de uma sensação tão boa, mas tão boa, que segurei ela por alguns minutos antes de voltar ao estado de tensão e apreensão que dominaram o dia (é gente, mesmo confiando na previsão, passei sufoco). Horas depois, entendi o que tinha acontecido: depois de tanto tempo vivendo num estado de incerteza, medo e privação, eu tinha sentido espontaneamente uma vontade genuína de começar algo novo porque, de alguma forma, consegui vislumbrar uma possibilidade de futuro que não era totalmente horrorosa.
Pode soar meio bobo, mas acho que quem morou no Brasil nos últimos anos entende do que estou falando. Somos sobreviventes, sem exagero algum: tivemos 700 mil mortos da pandemia, temos 33 milhões passando fome hoje. Mesmo que você tenha conseguido trabalhar e se manter sem maiores problemas de 2019 pra cá, boa parte de nós têm vivido num estado de angústia e incerteza constantes. E o ser humano se acostuma a muitas dificuldades, né? A gente vai se adaptando, alguns com mais facilidade. Quando se nota, já se aprendeu a se virar com a precariedade e a insegurança como certezas da vida, até com naturalidade. Daí, fica difícil imaginar que dá pra se viver de outra forma — mais que isso, que já tem muita gente no mundo vivendo de uma forma muito mais digna. Com seus direitos e dignidade respeitados.
O contrário da vida não é a morte, mas o desencanto.
— Luiz Antonio Simas e Luiz Rufino, “Flecha no tempo”
Lembro das palavras do Rufino e do Simas enquanto escrevo esse texto porque eu não acredito mesmo numa vida burocrática. Uma vida que se limite a resolver problema, pagar conta, trabalhar, se alimentar, fazer um exercício e rolar os dedos numa tela. Poder fazer tudo isso já é bastante digno, mas não acho que seja o suficiente. A gente tem subjetividade, tem sonho, tem desejo. Tem amor. Muita coisa foi aniquilada na necropolítica do governo Bolsonaro, mas essa é tão triste quanto todas as outras, e menos óbvia: nos tiraram, além de tudo, o direito de sonhar. (A coluna que a Bela Reis escreveu às vésperas do segundo turno, aliás, e não por acaso, fala exatamente sobre esse tema.) Na verdade, o sonho é um direito negado a muitas minorias vulneráveis por muito tempo antes disso tudo rolar, mas que também se agravou na história recente. Em suma, permanecemos tempo demais vivendo num estado de alerta e medo, reagindo da forma que dava para afagar tanta falta de perspectiva e aniquilação. No melhor dos casos, conseguimos dar umas risadas, nos anestesiar entre a companhia dos nossos e nos distrair com o que estava ao alcance. Mas sonhamos? Provavelmente não. Para mim, a perspectiva do horizonte à frente era tão limitada quanto uma parede a poucos palmos de distância.
E daí, pessoal, temos a astrologia: esse conhecimento que nos permitiu atestar que os movimentos do céu espelham simbolicamente os eventos da Terra. Muita coisa relevante rolou nesse céu em outubro, mas vamos falar dele, o grande benéfico: Júpiter, que inclusive está retrógrado, reingressou no signo de Peixes no dia 28, a tempo de pegar o segundo turno das eleições já em casa. Dentre os vários testemunhos que apontavam a vitória da oposição no segundo turno, esse era um dos mais importantes. Já escrevi bastante sobre Júpiter e seus significados em edições passadas (#23 e #28, em especial), mas é mais do que conveniente retomá-los agora nesse contexto. O retorno de Júpiter à Peixes — signo do qual ele se despede já no fim de dezembro, e para o qual voltará só em 2033 — é um lembrete da importância do sonho como um direito de todos. O encanto como premissa da vida. E também, é claro, o deleite como prerrogativa de estar vivo. Poder exercer sensibilidade, ser tocado pelas coisas do mundo, se conectar aos outros de forma autêntica, para além da mera carência e conveniência. Viver, enfim, num exercício concreto de sonho, autonomia e liberdade compartilhados.
Tenho plena consciência de que tudo isso parece distante demais da realidade, e que o mundo lá fora ainda está pegando fogo. Sei disso. Como já escrevi anteriormente, não teremos mesmo muito sossego até meados de dezembro. Mas nós tivemos uma vitória relevante, gigante, contemplada pelo retorno de Júpiter à Peixes como promessa de uma mudança positiva no governo e em prol da população, como esperávamos desde março. É preciso saboreá-la, reconhecê-la, comemorá-la internamente também, lá no âmago. A gente venceu a milícia sem dar um tiro. A rotina, o trabalho e as tarefas continuarão nos esperando, e nada é tão simples ou se resolve pra já, mas é preciso celebrar a esperança. Com presença, com atenção. Ao direito de sonhar, eu faço um brinde.
lunação de escorpião — lua cheia em touro (eclipse lunar)
previsões até 23 de novembro de 2022
Lua Cheia vem aí, minha gente: e vem como um eclipse lunar no grau 16º de Touro. No Brasil, esse eclipse lunar será apenas penumbral e em alguns pontos do território — o que significa que a Lua Cheia terá seu brilho levemente diminuído, nada que faça muita diferença a olho nu. O ápice desse eclipse lunar será no Oceano Pacífico, portanto, ele será de fato mais visível na porção mais oeste da América do Norte, a região leste da Rússia e parte considerável da Oceania e Leste Asiático. Para saber que temas e assuntos esse evento mobilizará nessas localidades, é preciso estudar os mapas coletivos de cada uma dessas nações, sabendo de seus contextos.
Se o eclipse solar da Lua Nova atingia justamente a Rússia e os países mais próximos de seu entorno, chamo atenção ao fato de que esse pega o Japão e a Coreia do Norte em cheio: na posição de Tóquio, por exemplo, a duração do eclipse será de quase 6 horas; astrologicamente, equivale a quase 6 meses de duração de seus efeitos, considerando o início deles sem muita demora, já entre o meio e o fim desse mês de novembro — como escrevi ainda na edição #55, a próxima Lunação de Sagitário, de 23 de novembro a 22 de dezembro, é o período em que mais se destacam o tema da guerra e questões bélicas entre países estrangeiros. Os dois países citados já vêm se estranhando bastante nos últimos dias, pois a Coreia do Norte lançou três mísseis balísticos em direção ao Japão na última semana. Segundo a matéria do G1,
Os Estados Unidos e a Alemanha condenaram os disparos, que acorrem apenas um dia depois de a Coreia do Norte havia feito um lançamento recorde de mísseis em um só dia - 23 - durante um exercício militar, em retaliação às recentes manobras conjuntas dos EUA e da Coreia do Sul na região. Desta vez, no entanto, alguns dos mísseis atingiram o espaço marítimo da Coreia do Sul, que revidou.
Não me arrisco a fazer previsões sobre esse tema justamente por não estar suficientemente informada do que vem ocorrendo entre esses países, mas a ampla visibilidade do eclipse nas nações envolvidas nessa dinâmica tensa — Estados Unidos, Coreia do Sul e do Norte e Japão — não é sinal de paz nem calmaria. Como expliquei lá na edição de maio, eclipses são eventos de um corte e apagamento de luz; sendo os luminares (Sol e Lua) os astros regentes de vitalidade, visibilidade e consciência, essa perda simbólica momentânea causa, no mínimo, uma turbulência a mais. Num contexto em que as perturbações já começaram a pipocar, não é um bom indício. Vamos acompanhar e torcer para que nada de tão grave desponte do lado de lá do globo terrestre.
Bora pras nossas previsões de Brasil, então — lembrando que ainda estamos num período bem turbulento no céu (será assim até meados de dezembro) e muitas previsões não necessariamente são tranquilizantes, então só leia essa editoria se você está de boa, ok?
A Lua Cheia em Touro chega no início da manhã dessa próxima terça-feira. O mapa é bem parecido com o da Lua Nova, à diferença óbvia da Lua, dos graus dos planetas em Escorpião incluindo Mercúrio e um Júpiter de volta à Peixes. Marte e Saturno ocupam exatamente os mesmos graus que estavam no mapa da Nova, só que o primeiro agora está retrógrado, e Saturno começa a retomar sua velocidade direta.
O estado geral do país é, naturalmente, simbolizado pelo Júpiter retrógrado em Peixes: um retorno de esperança e alguma sensação de tranquilidade, dentro do que é possível no caos instaurado pós-eleições. Apesar da boa posição de Júpiter, que realmente funciona como uma contenção de danos daquelas, essa segunda metade da lunação vem bastante agitada. Vamos por partes:
No geral, a chegada da Cheia parece resgatar com força os temas de justiça, corrupção e orçamento secreto. Chama atenção o Mercúrio quase no grau exato do Sol, combustíssimo e conjunto ao Nodo Sul; melhor ainda é ver que esse Mercúrio rege o MC do mapa, conectando esses assuntos diretamente ao governante atual e seus aliados mais próximos. A situação da família Bolsonaro parece piorar bastante no sentido de algumas investigações em que eles estão envolvidos sendo retomadas, por exemplo. Problemas com a justiça reaparecem, e rumores de uma saída do país devem aumentar (embora isso me pareça ser assunto mais da próxima lunação, como disse em outras ocasiões). A situação do atual presidente segue bem complicada e restrita nessa segunda metade da lunação, mas isso irá muda mais para o meio/fim de novembro: após o trígono de Mercúrio em Escorpião com Júpiter em Peixes no dia 16, ele pode vir a receber um tipo de benefício ou proteção que o resguarde do fim de novembro até a primeira semana de dezembro. Veremos.
Ainda falando de Mercúrio, ele também alcança a quadratura com Saturno já no dia 10, logo seguido pelo Sol, que faz a mesma quadratura no dia seguinte. Eu lembrei do grande risco de destruição de documentos e apagamento de evidências já a partir do 23 de outubro, com o fim da retrogradação de Saturno, e esses dois aspectos citados acima reforçam esses significados: destruição de documentos secretos, ocultamento de provas, queima de arquivo — tudo que parece ter a ver com temas de dinheiro e orçamento (Saturno rege a 2 da lunação).
Vênus em Escorpião também está na casa 12, ainda sob os raios solares, numa quadratura próxima à Saturno em Aquário. Tem cara de mais traição e gente virando a casaca no Congresso, deixando Bolsonaro pra trás: algumas movimentações nesse sentido já rolaram pouquíssimo depois do resultado das eleições, e parecem mesmo se cumprir nessa segunda metade da lunação. Quando Vênus ingressar em Sagitário, no dia 16, já devemos ter muitos acenos definidos nesse sentido.
Uma interpretação errada que fiz na edição #55 tem a ver com o COVID-19: embora a tendência seja mais de baixa do que agravamento do quadro geral, o reingresso de Júpiter em Peixes fazendo trígono à Vênus em Escorpião indicou, na verdade, o aumento no número de casos. O trânsito da Vênus em Sagitário a partir do 16 de novembro não ajuda de imediato e parece agravar a circulação do vírus, mas a quadratura com Júpiter parece conter os danos mais graves dessa retomada. Outro significado do ingresso da Vênus em Sagitário tem a ver com a ênfase nos casos de violência contra mulheres e figuras femininas/venusianas no geral; Vênus começará a caminhar para uma dura oposição à Marte retrógrado em Gêmeos, o que pode indicar aumento de incidência de casos de feminicídio, por exemplo; Júpiter participa desse aspecto e funciona como uma salvaguarda de proteção e busca por justiça, mas não ameniza totalmente a configuração ruim.
Marte retrógrado em Gêmeos, por sua vez, está angular e numa quadratura próxima à Júpiter, o que é preocupante em relação à questões de terras e meio ambiente: invasões ilegais ou danos relativos à garimpo, envenamento e agrotóxicos são algumas possibilidades. O tema volta a estar em evidência nessa próxima quinzena, com o lado “positivo” de ganhar mídia e atenção, e talvez alguma salvaguarda, já que Júpiter está em melhor situação no aspecto.
Por fim, uma mudança importante é a chegada de Mercúrio em Sagitário no dia 17 (onde fica até 6 de dezembro), um sinal ruim de oscilação na economia nesses últimos dias da lunação, provavelmente por conta de fatores externos ao Brasil; podemos ter uma alta em preços de produtos, por exemplo, mas não é um fator de preocupação prolongada, considerando que é um trânsito de menos de 3 semanas. Como escrevi na edição #55, “no melhor dos cenários, o Brasil poderá se beneficiar de algum tipo de comércio e exportação, mas o mais provável é que consigamos manter alguma estabilidade num cenário global que parece bem oscilante, o que já é bom”.
sobre o céu da semana
Ei, agradeço a todes que comentaram sobre o céu da semana, que consegui escrever pra edição passada! Acho que faz sentido retomar essa editoria sim, embora ela seja bem trabalhosa de fazer toda semana, então não garanto um retorno ainda tão constante, tá? Na edição de hoje, por exemplo, não deu pra incluir, já que ficou longuíssima com tantos outros assuntos.
O que posso resumir de forma bem resumida mesmo é o seguinte: essa semana traz várias quadraturas sendo alcançadas entre planetas (Vênus-Saturno, Lua-Saturno, Mercúrio-Saturno, Sol-Saturno, Lua-Júpiter); somado ao fato de que a Lua Cheia chega já na terça-feira, dá pra dizer que essa será uma semana agitada, inquieta, com muita coisa vindo à tona e os eventos acontecendo de fato, não só na teoria/especulação. Para o nosso alívio, os aspectos mais tensos parecem envolver mais o cenário político mesmo, não tão diretamente o nosso dia a dia como pessoas comuns. Os dias mais tranquilos são a quarta e quinta-feira, os mais complicados e agitados são terça e a manhã de sexta-feira (a parte da tarde já ameniza).
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um abraço e até semana que vem,
Só queria dizer o quanto é PRAZEROSO perceber o quanto o estudo da Astrologia que você traz pra nós, é incrível! Nas eleições eu já cantava a bola que o Bolsonaro ia perder, por causa da sua previsão, e todo mundo me desacreditou. Agora, assistindo o jornal e vendo sobre um possível "ataque de hacker" nos computadores da presidência, já pensei na hora nessa última edição, quando você também falou sobre possível apagamento de provas, e estou em ÊXTASE! Sinceramente, cada vez fico mais apaixonada por Astrologia, e só tenho a te agradecer pelo trabalho que você faz, e pelo oq que compartilha conosco, Isis!!
Nossa, eu confiei muito na sua previsão depois do primeiro turno. Avisei meus amigos e assisti a apuração bem plena (o povo pensando: “onde achou essa calma?”) rsrs