Miley Cyrus e a astrologia dos (inícios e fins de) relacionamentos
edição exclusiva de apoiadores | fevereiro de 2023
Mais uma edição exclusiva para apoiadores no ar! No momento em que essa edição chegar à caixa de entrada de vocês, estarei descansando em berço esplêndido pós-Carnaval, mas a verdade é que esse conteúdo está pronto há dias — só deixei programado para publicar depois do feriado porque o céu da semana passada estava bem ruinzinho. O tema de hoje foi motivado pela enquete que abri no início do mês para os apoiadores, perguntando que tipos de edições vinham sendo mais interessante para vocês. O resultado foi esse:
Fazer essa enquete foi especialmente proveitoso porque eu sempre tive a impressão de que um conteúdo basicão poderia ser mais atraente para o público daqui, mas parece que os apoiadores (ou pelo menos metade deles, os que votaram) querem é mergulhar de cabeça mesmo em análises mais avançadas, demonstração de técnicas preditivas e conceitos astrológicos na prática. “Teoria astrológica em detalhe” é o que vocês querem, então é com ela que vamos começar!
Essa é uma edição dedicada a falar sobre astrologia e relacionamentos, um assunto que rende horrores — afinal, dá pra avaliar a possibilidade de separações e rupturas relevantes no âmbito afetivo de alguém, usando a Revolução Solar e outros métodos de previsão? Dá sim. Porém, como tudo que envolve o tema relacionamentos costuma trazer controvérsia e também equívocos, vou começar falando um pouco sobre como esse assunto pode ser avaliado num mapa natal e elencando algumas questões que devemos considerar para uma análise ética e ancorada na realidade atuala, em que muitas formas de se relacionar são possíveis.
Daí, partiremos para o exemplo do caso da Miley Cyrus, uma cantora que, embora eu não acompanhe muito de perto, vi o nome voltar às manchetes nas últimas semanas devido ao lançamento de uma música (e videoclipe) com menções subliminares a seu ex-relacionamento com o ator Liam Hemsworth. A minha ideia inicial era trazer nessa mesma edição os mapas da Shakira, que também recentemente lançou uma música detonando o ex-marido, mas o texto acabou ficando longo demais para ser enviado por e-mail, e fiz a escolha de trazer apenas o primeiro caso — se for do interesse de vocês ler sobre a Shakira também, me avisem, que eu faço uma continuação. O mapa da Miley tem dados de nascimento acessíveis no Astro-Databank com boa confiabilidade (nota AA), então vamos aproveitar para analisá-lo usando as técnicas de direções por termos do ascendente e revolução solar.
casa 7, o local das relações
Se quiser falar de amor, fale com a casa 7. Piadas à parte, a ideia é mais ou menos essa aí. No mapa natal de uma pessoa, a casa 1 representa o próprio nativo, enquanto a casa 7 representa outras pessoas com as quais ele se depara na vida — isto é, se a casa 1 é o Eu, a casa 7 é o Outro. Mas que outro? Quase todos, na realidade: colegas de trabalho, alguém com quem você se desentendeu na fila do banco, seu peguete eventual ou o amor da sua vida. Todas essas pessoas podem ser representadas pela casa 7. É um local que abarca a maior variedade das nossas relações — algumas exceções seriam as amizades (amizade tipo irmão, afeto profundo do coração, é assunto da 11) e os familiares (3 e 4). Mas o “grosso” das pessoas com as quais nos deparamos na vida é assunto da sétima casa mesmo.
Já quando pensamos em planetas, quem vai tratar dos assuntos afetivos e de união é a Vênus. Como já expliquei outras vezes, uma análise astrológica sobre qualquer tema nunca é simples porque precisamos levar em conta todas as camadas de testemunhos que o mapa nos dá: a casa onde o assunto em questão se refere, o planeta que o representa de forma universal (nesse caso, a Vênus), o planeta que rege esses temas especificamente no mapa analisado (regente da casa 7, que pode ser qualquer um dos outros planetas e luminares), lotes relacionados, etc. Ou seja: precisamos considerar todos esses posicionamentos, onde estão colocados e como são aspectados no mapa; quanto mais impedimentos, debilidades e fraquezas, mais complicações na área do assunto em si.
Isso significa que dá pra dizer se alguém vai ser “feliz no amor” pelo mapa natal? Ou solteiro para sempre? Não, não dá. O que dá pra avaliar é o nível e o tipo de perturbações, frustrações e dificuldades sobre a área da vida da pessoa. Como eu já disse em outras ocasiões por aqui, o “sucesso” de um relacionamento implica muito mais em escolher e querer estar junto — isto é, em postura e ações — do que no sentimento envolvido ou numa compatibilidade superficial. No fim das contas, toda relação é pautada pela diferença: a grande questão é o quanto as pessoas envolvidas estão dispostas a se entender e a aprender a lidar harmoniosamente consigo e conjuntamente, apesar dessas diferenças.
Dito isso, não dá pra negar que há, sim, períodos mais ou menos desafiadores para um relacionamento, que podem ser vistos a partir do mapa natal. Além disso, muitos términos costumam ocorrer em épocas com aspectos adversos entre Vênus e Marte — às vezes, também entre Vênus e Saturno (esses aparecemde forma mais lenta, como um esfriamento afetivo, ou na forma de distancimento e impedimento).
A diferença é que, terminar relacionamentos, todo mundo termina. Algumas pessoas, no entanto, vivem rupturas muito agressivas e complicadas, que levam a um profundo sofrimento ou que marcam definitivamente suas histórias pessoais; outras, no entanto, têm relações amenas, descomplicadas e amigáveis com grande parte das parcerias que já se encerraram ou não deram certo. Todas essas minúncias entram na conta do que pode ser observado no mapa natal, e isso também será ilustrado no exemplo de hoje.
Por último, cabe lembrar algo que deveria estar mais naturalizado: existem muitas formas de se relacionar. Nem sempre a frustração de alguém no quesito amoroso tem a ver com uma falha pessoal que precisa ser cuidada na terapia, mas sim com uma limitação na forma de exercer seu potencial afetivo por meio de outros modelos e acordos relacionais. Será que uma Vênus em Áries, por estar exilada, indica impossibilidade de nutrir boas relações amorosas na vida? Claro que não. O que está implicado aí é o fato de que o nativo dessa Vênus poderá ter mais dificuldade, por exemplo, em manter-se numa dinâmica de relacionamento em que não tenha espaço suficiente para sua individualidade, ou em que se sinta obrigado a seguir hábitos, ritmos e comportamentos impostos por uma cultura dominante de amor romântico. Reinventar o que já existe pode ser mais trabalhoso, envolvendo um caminho mais tortuoso do que os de outras pessoas, mas não é condenação de desgraça para ninguém. A astrologia, aliás, nos ajuda a observar como é o cenário desse percurso na nossa vida, para que a gente possa aprender a lidar melhor com suas facilidades e obstáculos. Isto é: a astrologia nos ensina que não é destino de ninguém simplesmente ser infeliz em qualquer área da vida; com tempo e esforço, o que aprendemos é que cabe a nós encontrar (ou construir) um caminho viável para nossa felicidade considerando as circunstâncias e recursos que temos. No fim das contas, a questão que está em jogo na astrologia envolvendo o campo das relações é a mesma que atravessa todo o restante do mapa natal: como viver seu destino da forma menos danosa — e mais proveitosa — à sua própria natureza?
Continue a leitura com um teste grátis de 7 dias
Assine meio do céu para continuar lendo esta publicação e obtenha 7 dias de acesso gratuito aos arquivos completos de publicações.