como a linguagem astrológica ganha corpo na realidade, pt. 1: Lua e Mercúrio
símbolos visíveis | série de edições exclusivas de apoiadores
Oi! Muita gente se tornou assinante do Meio do Céu recentemente, então trago aqui uma breve explicação: esta é a edição exclusiva de apoiadores do mês de maio, edição especial para os assinantes da newsletter que contribuem mensalmente com o valor de R$7. Apoiadores recebem uma edição mensal extra ao fim de cada mês (ou um pouquinho depois, como no caso de hoje) com conteúdos exclusivos, além de ganhar acesso livre a todas as edições especiais já publicadas: até agora temos 8 edições com conteúdos bem variados – análises de mapas e eventos, textos sobre teoria astrológica, estudos experimentais, etc.
As edições especiais são a melhor parte do Meio do Céu, e já tivemos várias análises interessantes. Aproveita que você recebeu esse e-mail e vire apoiador você também: para isso, basta atualizar o status da sua assinatura nas configurações da sua conta do Substack. Se ainda tiver na dúvida, siga na leitura abaixo: o começo dessa edição está disponível para todos terem gostinho de como é.
símbolos, linguagem e realidade
O título pode ter causado uma certa estranheza, mas o objetivo dessa edição especial é explicar e exemplificar o que se entende por linguagem astrológica. Isto é, ilustrar algumas formas como que os símbolos astrológicos se mostram na nossa realidade — o que significa, na prática, alguém nascer com um eminente Júpiter em Sagitário? Ou uma Lua em Câncer? Ou um Mercúrio em Peixes?
Para demonstrar esses posicionamentos, fiz uma curadoria de posicionamentos em mapas de pessoas públicas — celebridades, personalidades da mídia ou figuras históricas. É sempre mais fácil perceber os símbolos astrológicos expressos na vida de pessoas cujas trajetórias são relativamente conhecidas, e como muitos desses personagens têm dados de nascimento públicos, vamos aproveitar essas informações para fins de aprendizado.
Para a edição não ficar longa demais, decidi dividir esse conteúdo sobre a linguagem astrológica em 3 partes: hoje teremos os exemplos de Lua e Mercúrio. Nas próximas duas, vou escrever sobre os simbolismos visíveis de Sol, Vênus e Marte, e por fim, de Júpiter e Saturno. Esses conteúdos serão publicados nas próximas semanas, tudo ainda nesse mês de junho.
o tal do vocabulário astrológico
Astrologia é muitas coisas, né? Um conhecimento, um oráculo, uma forma de ver o mundo, uma linguagem — linguagem, sim, afinal os astrólogos interpretam mapas, e esses mapas estão compostos em uma linguagem simbólica. Além disso, astrologia tem vocabulário próprio: Marte em queda, Sol exaltado, Vênus domiciliada, etc; quem acompanha o Meio do Céu há algum tempo, certamente já leu algum desses termos por aqui. Essas palavras servem para qualificar a forma que um planeta está expressando ou representando algum assunto. Os signos são como as “roupas” que um planeta veste: eles por si só, não indicam ação; quem conduz os assuntos num mapa qualquer são mesmo os planetas. Os signos denotam o modo ou a forma como a ação acontece.
Bom, esses termos astrológicos todos se referem às dignidades e debilidades essenciais dos planetas, um nome que soa bem mais complicado do que realmente é: na prática, as dignidades e debilidades são basicamente um sistema que atribui diferentes níveis de afinidade entre planetas e signos. De forma geral, um planeta nos signos que tem dignidade possui o poder nas próprias mãos, conduzindo os temas e assuntos da sua alçada com mais constância e previsibilidade; já um planeta muito debilitado tem dificuldade em cumprir as promessas que ele mesmo simboliza, operando de forma turbulenta ou, no melhor dos casos, de uma forma “avessa” às convenções dadas.
As dignidades e debilidades essenciais expressas no vocabulário e na linguagem simbólica, enfim, são uma base fundamental do conhecimento astrológico: é de onde partimos para começar a compreender a capacidade e qualidade de ação de qualquer planeta num mapa. Para os estudantes de astrologia, aliás, recomendo baixar gratuitamente tanto a Tabela de Dignidades Essenciais que eu criei, um material didático que organiza e sintetiza as explicações sobre esse tema.
Na edição de hoje, sem complexificar demais em outros fatores, vamos observar alguns exemplos de posicionamentos astrológicos em mapas especialmente ilustrativos em que essas qualidades de planeta dignificado ou debilitado podem ser facilmente percebidas.
Lua: entre sustento e privação
Comecemos pela Lua, o corpo celeste mais próximo de nós. Na astrologia tradicional, falamos que a Lua é um luminar, assim como o Sol é, apesar de ela não possuir luz própria, e sim funcionar como um espelho para o astro-rei.
Significados básicos: sendo um luminar — um corpo celeste que de fato ilumina a Terra — a Lua carrega o simbolismo básico de vitalidade. Ela também significa o corpo e a alma, sendo a alma como o que anima o corpo físico. Além disso, a Lua se refere à matéria de uma forma ampla, e mais especificamente o sustento, aquilo que é necessário para suprir e nutrir um corpo; daí a relação imediata com o alimento, o estômago e o maternar. Para muitos autores, em um mapa natal, a Lua é a melhor representante da mãe do nativo (a meu ver não necessariamente sempre, mas sim). Além de tudo isso, e numa relação estreita com o que chamei de “alma”, a Lua também é significadora da memória, das emoções, da sensibilidade e da nossa capacidade perceptiva, sendo ela também a regente da nossa mente emocional ou “anímica” – como uma esponja, a Lua absorve experiências, capta sinais e percebe o mundo à volta de forma instintiva, corporificada, sensorial. E por último, enfim, a Lua também é associada às ruas, à popularidade, aos deslocamentos, às viagens, já que é o astro mais rápido do céu, percorrendo a média de trezes graus diários.
A Lua é regente do signo de Câncer, portanto, uma Lua em Câncer está domiciliada. Estando em seu domicílio, a princípio, essa é uma Lua capaz de expressar suas qualidades e atributos essenciais sobre sustento, sensibilidade e vitalidade.
A cantora pop Dua Lipa, por exemplo, nasceu sob uma Lua em Câncer. Sua mãe é uma executiva de turismo e uma figura bem popular, tendo inclusive centenas de milhares de seguidores nas redes sociais. As duas tem uma relação próxima e afetuosa. Nesse vídeo, Dua responde duas perguntas do entrevistador em que menciona a mãe:
Entrevistador: Que traço você herdou da sua mãe?
Dua: Eu definitivamente herdei meu lado carinhoso [nurturing] e de querer cuidar das pessoas da minha mãe.
[…]
Entrevistador: O albanês ou o inglês foram sua primeira língua?
Dua: O albanês foi minha primeira língua.
Entrevistador: Qual frase em albanês era mais falada na sua casa?
Dua: [fala em albanês]
Entrevistador: E o que isso significa?
Dua: Significa, “O que tem para o jantar?”
Entrevistador: E o que teve para o jantar?
Dua: Muitas coisas gostosas. Minha mãe é uma ótima cozinheira e ela faz comidas tradicionais albanesas incríveis. Então eu sempre espero ansiosamente por isso, especialmente depois de um longo período em turnê.

A relação afetuosa com suas raízes também se mostra aí: Dua é de origem albanesa e passou parte de sua adolescência no Kosovo, sendo filha de pais kosovares-albaneses refugiados (o que se também observa em seu mapa, pelos aspectos complicados entre Lua, Marte e Saturno). Dua criou um festival e uma fundação de artes e cultura no Kosovo chamada Sunny Hill, o nome do bairro em que seus pais cresceram no país. Ainda que não entremos nos detalhes do mapa natal, a biografia de Dua é um bom exemplo da expressão de uma Lua em Câncer representando uma filha que teve uma mãe que, mesmo em meio às adversidades, teve um papel de cuidado, apoio e afeto bem próximo, além de uma mãe “clássica”, dessas que cozinha a comida tradicional da família e tudo.
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