como a linguagem astrológica ganha corpo na realidade, pt. 7: Saturno em Capricórnio e Câncer
símbolos visíveis | série de edições exclusivas de apoiadores
Oi! Hoje chegamos à sétima parte dessa série especial sobre linguagem astrológica. Nessas edições, venho explicando os significados dos domicílios e exílios dos planetas, sempre ilustrando com exemplos de mapas de figuras públicas que tiveram vidas marcadas por tais posicionamentos.
A série começou na parte 1, com uma introdução que apresenta os termos da linguagem astrológica — o que significa quando falamos planeta domiciliado ou exilado —, e trazendo já os exemplos de Lua e Mercúrio. Depois, seguimos falando da Vênus na parte 2, do Sol na parte 3, de Marte na parte 4 e de Júpiter nas partes 5 e 6.
Essa é a penúltima edição e chegamos, enfim, à Saturno. Hoje vamos falar sobre Saturno domiciliado em Capricórnio e exilado em Câncer. Como de costume, o início da edição está disponível para todos lerem, mas a edição completa é exclusiva para os apoiadores do Meio do Céu. Caso queira se tornar apoiador, basta atualizar o status da sua assinatura nas configurações da sua conta do Substack.
Saturno: erguendo limites, estruturas ou disfarces
Saturno é o último planeta visível a olho nu. Para a astrologia tradicional, a visibilidade de um planeta no céu é um fator essencial na forma como esse conhecimento se fundamenta e se sistematiza. Saturno, dentre os 7 corpos celestes usados na astrologia, é o mais distante de nós na Terra: ele demora 28 anos para completar sua volta pelo zodíaco. Esse fato, por si só, já denuncia seu simbolismo mais evidente: o efeito do tempo.
Significados básicos: Saturno se contrapõe à Júpiter no sentido de que ele expressa a concentração, a manutenção ou o enraizamento, ações opostas à expansividade jupiteriana. Saturno representa restrições e escasseamento — mas também moderação e resiliência. Saturno proporciona a capacidade de enfrentar obstáculos e desafios com resistência e firmeza, e talvez por isso as pessoas cujas vidas são tão marcadas por ele ganhem fama de “casca grossa”, porque já passaram por bons bocados e seguiram em frente. Enquanto um Júpiter bem posicionado pode simbolizar mais oportunidades e abundância, um Saturno evidenciado num mapa pode tanto prover recursos para enfrentar as adversidades e limitações da vida (no melhor dos casos), quanto impor obstáculos e bloqueios que impedem ou dificultam a conquista de uma situação firme e estável.
As estruturas, enfim, são de Saturno — e sem o mínimo estrutura, é difícil seguir para muito longe, por muito tempo. Por isso mesmo, quando Saturno está proeminente num mapa natal significando uma pessoa, muitas vezes ele representa alguém em posição de responsabilidade ou confiança, de estar encarregado de algo. É diferente da maestria de Júpiter e da liderança nata do Sol: podemos enxergar como alguém que está numa posição de “tomar conta” de uma forma mais até fria ou burocrática, mas que envolve uma boa dose de compromisso e de seriedade (no sentido de levar a sério mesmo).
Assim como vimos que Vênus e Marte são uma dupla planetária com domicílios e exílios em signos opostos entre si (assim como Mercúrio e Júpiter), Saturno também tem essa relação inversa com os luminares, Sol e Lua. A lógica aqui é simples: enquanto os luminares tratam de vitalidade, Saturno trata de finitude. A morte é simbolizada por Saturno por se tratar do esvaziamento da vitalidade e/ou do efeito mais drástico da passagem do tempo, que é um domínio dele. Muitas formas de vida, porém, são saturninas por excelência: plantas, animais e fungos que necessitam de pouca luz e calor ou subsistem com o mínimo de alimento, no geral, são bons exemplos.
O mais conhecido deles é a cabra, o animal-símbolo do signo de Capricórnio, primeiro domicílio de Saturno. A sabedoria popular diz que cabra come até pedra: uma boa analogia para um signo como Capricórnio, que, regido por Saturno, expressa um tipo de dureza e resistência natas. Como escrevi num texto há tempos atrás,
“talvez a versão humana da cabra que eventualmente engole pedras enquanto procura por alimento seja a das pessoas que colecionam pedras literais ou metafóricas, como se reunissem um museu de equívocos e desenganos que servem de marcadores de uma trajetória; nem sempre é apego, mas visão de futuro: uma pedra sozinha não faz muita coisa, mas algumas dezenas constroem uma morada. Sorte mesmo é viver o suficiente para construir o que se almeja.”
Capricórnio é um signo cardinal do elemento terra, e é por isso que ele se relaciona diretamente à ideia de erguer estruturas, da construção como resultado material de um empenho que requer persistência e disciplina. A destreza e a engenhosidade técnica são associados a esse signo, assim como a jornada de enfrentar a subida de uma montanha, como o cabrito montês faz com tanta naturalidade.
Poucos exemplos de nativo de Saturno em Capricórnio poderiam ser tão ilustrativos quanto o desse ex-presidente do Brasil, que ficou mais conhecido por ter, de fato, construído uma nova capital para o país: Juscelino Kubitschek.
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