como a linguagem astrológica ganha corpo na realidade, pt. 8: Saturno em Aquário e Leão
símbolos visíveis | série de edições exclusivas de apoiadores
Hoje eu escrevo para encerrar essa longa série iniciada em junho! Nem eu acredito que faz tanto tempo assim que ela começou. Como muita gente chegou aqui no último mês, cabem algumas explicações: pra começar, essa é uma série exclusiva para apoiadores da Meio do Céu, mas que dá pra ler o comecinho do texto gratuitamente também. Quem quiser virar apoiador, basta atualizar o status da sua assinatura nas configurações da sua conta do Substack.
O tema dessa série é a linguagem astrológica e sua correspondência com a realidade. Quem se aproxima da astrologia tradicional começa a se deparar com termos como “Vênus em exílio”, “Sol domiciliado”, etc; são termos que servem para qualificar a forma que um planeta está expressando ou representando algum assunto. Os signos exprimem o modo ou a forma como uma ação ocorre — mas a ação ou evento em si, quem indica são os planetas. (Na introdução da série na parte 1 escrevo mais sobre isso.)
Mas o que significa, na prática, ter uma vida marcada por um planeta domiciliado ou exilado? O quão diferente é uma Lua domiciliada em Câncer ou uma exilada em Capricórnio, quando a Lua ocupa uma posição importante no mapa? Essa série traz explicações, reflexões e exemplos concretos de tudo isso. Para escrevê-la, fui atrás de mapas de nascimento de figuras públicas que tiveram suas trajetórias de vida fortemente marcas por esses posicionamentos específicos.
Falei das Luas ilustrando com o mapa da Dua Lipa e o da Amy Winehouse; para Mercúrio, usei os exemplos de Anne Frank, Albert Camus, Paulo Leminski e Yuri Gagarin; as Vênus foram Ariana Grande, Marie Curie, bell hooks e Marilyn Monroe; de Marte, tivemos Clint Eastwood, Sigmund Freud, Bruce Lee e Adolf Hitler; o Sol veio ilustrado por Louis Armstrong e Nise da Silveira; Júpiter começou com Van Gogh e Oprah, depois com Nietzsche e Kim Kardashian; e a primeira parte de Saturno, enfim, veio representada com os impressionantes mapas de Juscelino Kubitschek e de Elis Regina. Ufa!
Hoje, enfim, encerramos esse passeio pelos significados dos planetas em seus domicílios/exílios com Saturno em Aquário e em Leão, usando os exemplos dos mapas de Harry Houdini e David Bowie. Vamos lá?
Saturno: erguendo limites, estruturas ou disfarces
Como estamos falando de Saturno como uma continuição da edição anterior nessa série, não vou repetir a introdução sobre esse planeta e os significados gerais de Saturno na astrologia, que já escrevi lá. Quem quiser refrescar a memória, é só acessar aqui:
Começamos hoje, então, pelo segundo domicílio de Saturno, o signo de Aquário. Essa é uma morada saturnina bem diferente de Capricórnio, que é um signo da terra que se relaciona mais à ideia de erguer estruturas que Saturno significa; Aquário, por sua vez, é um signo fixo do ar: um ar rígido que se mantém, que pressiona, que nos rodeia e, ao mesmo tempo, é invisível aos olhos.
Se o ar é o elemento associado às ideias e pensamentos, quais deles se relacionariam a esse tipo de ar que se sustenta de forma ampla, mas pouco perceptível? Bom, as ideologias como um domínio de Saturno em Aquário são um clichê astrológico, mas que faz bastante sentido, afinal, as ideologias estruturam as organizações humanas e orientam a coletividade, no geral, de forma pouco perceptível — por mais pensamento crítico que um indivíduo desenvolva, o mais comum é que as pessoas tomem decisões e façam escolhas na vida de forma automática, pouco consciente, seguindo a média de alguém inserido em seu contexto cultural e sócio-econômico.
Nós vivemos um período histórico profundamente caracterizado pelos significados de Saturno em Aquário, já que esse planeta é um marcador do tempo coletivo na astrologia, e fez uma conjunção com Júpiter em dezembro de 2020. Pensem nas discussões ideológicas, nos sigilos, nas fake news e no tanto de conspirações que ganharam relevância nos últimos anos: é uma pauta de Saturno, e que não se extinguirá tão cedo. Talvez o aspecto mais cativante para tantos conspiracionistas seja a noção de que há uma verdade oculta a ser descoberta, um deciframento dos mecanismos da realidade que todos desconhecem, algo que o mundo precisa saber: na maioria das vezes a conspiração é uma ilusão inverídica. Porém, a força de um mito repetido muitas vezes, para pessoas que têm acesso estreito e limitado a um tipo de informação torna-se, sim, um tipo de verdade. Mas longe de Saturno em Aquário representar mentira, viu? Esse posicionamento tem mais a ver com as ideologias de forma geral, concordemos com elas ou não: tem a ver com os mecanismos de controle e orientação que nos influenciam de formas invisíveis ou pouco conscientes. Dá para dizer que todos nós que vivemos em grandes centros urbanos e/ou estamos hiperconectados à internet estamos sujeitos à eles. Não à toa, venho chamando esse ciclo de 20 anos sob a regência de Saturno em Aquário de “era da vigilância” (do ponto de vista sociológico, tem sido inclusive usado o termo “capitalismo de vigilância”, proposto pela autora Shoshana Zuboff).
De forma mais objetiva, podemos dizer que Aquário, enquanto domicílio de Saturno, tem a ver com o poder da aderência e influência das ideias a nível coletivo. Como o Guilherme de Carli do Nodo Norte bem lembra, é um signo relevante nos mapas natais de muitas pessoas influentes e representantes de ideologias, mas não necessariamente revolucionárias, já que é um signo de ar fixo: a qualidade fixa não facilita tanto a transformação, mas sim a conservação do estado das coisas.
Quem nasceu com Saturno em Aquário sobre o próprio ascendente foi o famoso ilusionista Harry Houdini.
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