ano novo, vida nova?
sobre resoluções e astrologia como ferramenta para o ano pessoal
Quem é você no mês de janeiro? A pessoa que revira os olhos só de pensar em metas para o ano, ou a que se empolga fazendo planos para o futuro? Ou algo no meio desses extremos? Da minha parte, posso dizer que sempre tendi mais ao segundo; um pouco por gostar de sonhar alto, um pouco por adorar a sensação de planejar e me sentir (ênfase no sentir) no controle das coisas. Mas a gente vai vivendo a vida e mudando com ela, né? E isso também me ocorreu.
Os últimos seis meses foram dos mais difíceis que já vivi. Como escrevi anteriormente, eu perdi bastante coisa em 2024 — no sentido físico e material, mas também no subjetivo. Planos e certezas que se foram. A vida virou de cabeça para baixo, esmaecendo alguns sonhos e isolando para longe qualquer ilusão de controle. Passei boa parte desse período num “modo sobrevivência”, arisca e alerta, como um gato resgatado que precisa de tempo para aprender que o ambiente em que está agora é seguro e confortável.
Mas o tempo passa (o tempo, Sueli) e, com certo esforço e alguma sorte, o corpo se adapta a novas realidades. E quando o fim de 2024 foi se aproximando, uma certa coceirinha foi me tomando conta. Um incômodo, mesmo: em pleno dezembro, estava planejando mais uma mudança de casa em menos de cinco meses, atolada de trabalho até o fim do mês, sem chance de ter qualquer folga ou recesso. Estar num tempo pessoal avesso ao tempo do mundo ao redor é esquisito, mas não me é incomum. Mas dessa vez, eu queria mesmo era que alguém acelerasse o tempo e pulasse essa coisa de Natal e ano novo, pra eu poder resolver grandes problemas e tocar a minha vida. Sem saco nenhum pro clima de fim de ano. Mas foi aí, em algum dia menos sobrecarregado entre o natal e o ano novo, que me caiu a ficha: o meu mau humor tinha a ver, também, com uma resistência à ideia de começar de novo.
Longe de mim querer psicologizar a realidade alheia, mas a minha impressão é que parte da ressalva em sonhar, idealizar e planejar tem a ver com medo de se frustrar. Ou de perder — no meu caso, perder mais, ou perder de novo. E tá certo, quem tá com uma ferida aberta deveria mesmo ser mais cauteloso pra não piorar a parte fragilizada. Então, assumir a posição de estar começando de novo vinha com um certo bloqueio, que para mim foi uma reação instintiva, nada racional. Mas ali, naquele limbo entre festas de fim de ano, em meio às caixas de papelão e pilhas de cacarecos para a mudança, percebi outra coisa: quem tá fudido precisa de esperança.
Eu sei bem que, em pleno ano de 2025, fazer resoluções de ano novo se tornou mais uma forma de se autotorturar e se pressionar por performance e produtividade. Sei que viver de forma leve e descompromissada com seus próprios interesses soa como uma proposta alienígena à nossa realidade. Sei que a febre de auto melhoramento — a busca constante em ser a “melhor versão” de si mesme — facilmente leva uma pessoa a níveis perigosos de neurose e hipervigilância. Eu sei disso tudo. Mas sim, ainda acho que sonhar e ter esperança vale a pena. Especialmente pra quem tá fudido. Porque sonhar e esperançar são coisas que a gente pode fazer por nós mesmes, sabe? Para encerrar ciclos ruins e danosos. Para aproveitar mais e melhor os aspectos que gostamos da nossa vida e que nos fazem sentir bem. Ou, nos casos mais graves, para mudar o que é possível, para que a gente passe a gostar da vida que vive. Esse é o patamar que me interessa ser avaliado a cada novo ano — se eu li 3 ou 30 livros, me importa bem menos. E tudo bem, também entendo quem usa de avaliações quantitativas pra repassar como foi o próprio ano. Pra muita gente, fazer algum tipo de acompanhamento (anotando no papel ou usando aplicativos pra isso) é uma forma de reforçar uma rotina, lembrar, exercitar o aprendizado. Vai de cada um.
Onde é que a astrologia entra nessa história? Bom, aí é uma brisa minha, que vai vir acompanhada de uma proposta para pensar e escrever suas próprias resoluções (ou esperanças) de ano novo.
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