Não há catástrofe coletiva que ocorra na terra que não possa ser identificada e antecipada pelos trânsitos do céu. Pode soar absurdo aos ouvidos de alguns, mas é exatamente isso que aprendi e sigo aprendendo nos últimos oito anos: os símbolos que observamos em mapas astrológicos representam eventos que ocorrem na Terra. E como trânsitos celestes são cíclicos e previsíveis, podemos antecipar, também, certos tipos de riscos e problemas que irão nos acometer. E é assim que a astrologia funciona. E enquanto campo de conhecimento, é uma das ferramenta mais úteis para orientação da vida individual e coletiva que eu já vi.
Atualmente, porém, a astrologia sobrevive relegada a um tipo de crendice excêntrica, a serviço de reforçar estereótipos vagos e cultivar uma vaidade pessoal meio descontextualizada. Nessa conjuntura, para que servem fazer previsões coletivas, quando elas são desastrosas? Eu, honestamente, não tenho uma boa resposta. E essa é uma questão que me retorna toda vez que acerto uma previsão catastrófica, como foi o caso de uma escrita na última edição.
A presença de Marte e Saturno em Peixes na casa 4 acende um alerta sobre o território e riscos ambientais. Infelizmente, esse é um mapa que reúne vários indicadores de chuvas intensas e risco de enchentes — restrito a certas regiões, visto que não é uma época típica de precipitação forte em todo o Brasil. Pode significar, por outro lado, outros tipos de acidentes, obstáculos ou problemas gerais ligados ao fornecimento de água em determinados locais, podendo acarretar em prejuízos de moradia para algumas populações. [trecho da edição #102, enviada e publicada em 24 de abril]
Não me interessa ganhar visibilidade com tragédia. Esse é um ponto que preciso deixar bem claro. O que me faz seguir querendo escrever e compartilhar meus estudos nessa newsletter é, no fundo, a insistência em acreditar que a astrologia pode nos ensinar a viver melhor. É um propósito bem sonhador, mesmo, mas que mantenho por acreditar fielmente de que ela nos oferece aprendizados para viver de um modo mais respeitoso e alinhado aos ciclos da natureza, da qual somos parte integrante.
Riscos podem ser previstos e observados por meio da astrologia justamente para que possamos nos preparar de forma prática ou psicológica, tomar medidas de redução de danos, antecipar problemas. Na última edição sobre o mapa da Lua Cheia, além do alerta de chuvas fortes e enchentes, também escrevi sobre o signo de Escorpião, e como ele expressa a necessidade proteção da própria vida e o desejo de perseverar frente às inevitáveis adversidades:
O mapa dessa Lua Cheia, que apresenta o cenário coletivo até a próxima Nova, aponta a urgência de prover melhores defesas para a manutenção da vida coletiva. Defesas para o enfrentamento de desgastes físicos e de adoecimentos, e também para lidar melhor com aspectos nocivos que nos cercam — os quais, aliás, muitas vezes não conseguimos discenir com nitidez, pois só enxergamos as perdas e prejuízos que eles acabam por nos causar. Certas barreiras, enfim, existem para nos proteger. [trecho da edição #102]
Como conhecimento, a astrologia pode e deve ser aprendida, desenvolvida e aprimorada por diferentes pessoas. É por isso que permaneço aqui, que sigo observando mapas, tentando decifrá-los e oferecendo oficinas para mais pessoas estudarem juntas. Continua sendo desolador, entretanto, testemunhar uma previsão se cumprir e tomar as formas mais drásticas por negligência e inoperância das autoridades responsáveis. Infelizmente, essa é uma parte do ofício astrológico que dificilmente será superada. O que me cabe, aqui, é seguir escrevendo e compartilhando o que descubro. Agradeço a vocês pela leitura e pelo apoio.
Lua Nova em Touro
previsões até 22 de maio de 2024
As previsões aqui escritas tiveram colaboração direta da discussão coletiva da oficina que ministrei sobre a Lunação de Touro, em que participaram ao vivo Carol Braga, Juliana Machado, Patricia Guedes da Silva, Patricia Nardelli, Rafael Monteiro e Isabelle Fernandes. Valeu, turma!
Cada signo zodiacal expressa uma forma de ser, um modo de funcionamento no mundo. Em 2022, comecei a elaborar enunciados, na forma de frases, a fim de sintetizar as ideias centrais que definem cada um deles. O de Touro é um dos que tento aprimorar há algum tempo, e que agora acho que entendi o que faltava. Touro, a terra fixa, carrega o aprendizado de usufruir da capacidade do prazer de permanecer. Essa é minha correção: usufruir do prazer de permanecer. Como será que faz isso?
Quando escrevi essas sínteses sobre os signos, entendi mais a fundo como cada um deles exprime e espelha aspectos da própria natureza que compõe o mundo. Cada qual tem sua função, e carrega um propósito de existência. O relaxamento e a fruição são associados à Touro, sim, mas para que seja possível usufruir do prazer de permanecer, é preciso estar minimamente em segurança — o que propõe a síntese de Escorpião, tomar posição e prover defesas, justamente o signo da Lua Cheia anterior.
Eis que, no início da madrugada dessa terça-feira, 8 de maio, a Lua encontra o Sol em Touro, marcando a chegada da Fase Nova e um novo ciclo lunar. Um novo cenário coletivo de promessas e possibilidades se inaugura. O mapa abre com o ascendente em Aquário: temos por regente geral do país na próxima quinzena, portanto, um Saturno em Peixes na casa 2, contabilizando perdas que afetam a população comum. O dispositor de Saturno é Júpiter em Touro conjunto à estrela fixa Algol, da constelação de Perseu; o gosto que persiste nesse ínicio de lunação é o do equívoco e descaso. De algo que aperta a garganta. Mas existe, também, algo de uma força primal, instintiva e preservadora sobre a estrela Algol, que aqui é ativada por Júpiter, evidenciando seus significados menos danosos. O mito associado à ela, a história da Medusa, evoca proteção e clamor por justiça, inclusive como reparação por prejuízos e descasos anteriores.
A lunação nasce sempre da conjunção entre Lua e Sol, que no mapa aparecem posicionados entre Vênus e Júpiter em Touro: é um indício de alguma sorte e melhoria de situação territorial e climática, mas com alguma lentidão (provavelmente a partir do dia 14), e não sem altos custos. Um deles parece ter a ver com problemas em relação à produção agrícola: prejuízo, aumento de preços, gargalos no escoamento de produtos e outros obstáculos.
Em outros temas, esse mapa traz indícios de uma possível conquista legislativa ligada aos temas de casa 6, que inclui animais domésticos ou de pequeno porte. Pode se tratar do avanço na tramitação dos projetos de lei motivados pelo caso da morte do cão Joca, no fim de abril, durante um vôo realizado pela empresa de transporte de cargas da companhia aérea Gol; ou mesmo de outras revindicações de melhorias em relação a direitos animais e resgates nas áreas afetadas por enchentes, por exemplo.
Mercúrio divide espaço com Marte em Áries na casa 3, inflamando os temas ligados à comunicação e difusão de notícias. Parece reacender e reforçar discussões e defesas em torno da regulação das redes sociais e combate à disseminação de fake news, o que pode acelerar e encaminhar trâmites envolvendo esses temas, embora nada se consolide de imediato dentro da quinzena deste mapa.
A virada da Lua Cheia no próximo 23 de maio será importante, modificando consideravelmente o cenário que se inaugura hoje, e aponta para eventos mais efetivos e de destaque para o ano astrológico do Brasil. Por ora, é tempo de acolher e aterrar — duas palavras que me vieram à mente observando o mapa dessa Lua Nova.
Aproveito também pra deixar de recomendação musical o disco novo da Céu, que tenho achado a cara dos melhores atributos de Touro (em especial "Corpo e Colo”, que não paro de ouvir). Se cuidem.
Um abraço e até,
Ísis
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