🎵 Para ler ouvindo a playlist Lua em Escorpião canta
Esse ano, a Lua Cheia em Escorpião chegou bem no dia de São Jorge, o santo guerreiro das batalhas, sincretizado com o orixá Ogum — e na terça-feira, que é justamente o dia de Marte, planeta regente de Escorpião. Às vezes, o céu casa direitinho com as celebrações. Faz algum tempo desde que tivemos uma edição “regular”, com previsões para a quinzena referente à lunação em questão. Hoje, então, retomo essa prática, escrevendo sobre o mapa da Lua Cheia em Escorpião, vigente até o dia 8 de maio.
Escorpião é um signo que demorei a compreender os reais significados. Dentre muita desinformação e alguns clichês pouco úteis que se espalham por aí, frequentemente passa despercebida a noção de Escorpião enquanto um signo de defesa e proteção. Defesa e proteção do quê, exatamente? Aí depende do contexto a que ele se refere. Mas, fundamentalmente, em defesa e proteção da própria vida em si. Escorpião é a água fixa, retida, que proporciona um ambiente favorável à manutenção da existência da maioria dos organismos que temos conhecimento. É o signo de água que expressa o desejo de perseverar frente às inevitáveis adversidades que irão surgir, e que fazem parte do mundo. Aprender a se defender é uma necessidade com a qual todos nós seremos confrontados, gostando ou não. O signo de Escorpião expressa precisamente essas qualidades essenciais.
O mapa dessa Lua Cheia, que apresenta o cenário coletivo até a próxima Nova, aponta a urgência de prover melhores defesas para a manutenção da vida coletiva. Defesas para o enfrentamento de desgastes físicos e de adoecimentos, e também para lidar melhor com aspectos nocivos que nos cercam — os quais, aliás, muitas vezes não conseguimos discenir com nitidez, pois só enxergamos as perdas e prejuízos que eles acabam por nos causar. Certas barreiras, enfim, existem para nos proteger.
Um dado importante é que, nessa lunação, a Lua Cheia em Escorpião vem disposta por um Marte em Peixes, ainda próximo à Saturno. Esse não é um Marte em modo “guerreiro solitário”: se o signo de Escorpião concentra, o signo de Peixes esparrama. Marte em Peixes enfrenta os obstáculos se mobilizando por meio da força de uma coletividade, de algo que é maior que ele. Por isso, sua estratégia de defesa não é a do corte afiado, nem mesmo do golpe certeiro e preciso: é a do espalhamento, da dissolução do veneno. E pra dissolver e eliminar, é preciso (mais) água pra misturar e lavar o que acumulou.
Nesse sentido, as ativações das casas no mapa dessa Lua Cheia — Lua regente da casa 8 na 12, Júpiter na 6, Marte e Saturno na 4 — me fazem pensar sobre o que fica retido ou acumulado no nosso próprio corpo, e nos locais que habitamos; aquilo que vai nos sobrecarregando ou envenenando silenciosamente, pouco a pouco, até uma hora extravasar. Nessa próxima quinzena, experimente observar onde e como aparecem esses acúmulos estagnados, que arrastam problemas e nos causam danos. Embora não seja um processo simples e fácil, pelos obstáculos da própria rotina, um movimento produtivo para esse período referente à Lua Cheia em Escorpião é o de lavar, secar, rearrumar, passar adiante e recuperar espaço pro que pode aparecer de novo. (Em outras palavras: se você queria um sinal para fazer uma baita faxina e se livrar do que precisa, aqui está ele. Mas vale, também, tomar o tempo devido para avaliar e tomar as decisões sobre o que vai e o que fica, sem afobação.)
O último eclipse solar foi “apenas” uma Lua Nova no Brasil, iniciando a presente Lunação de Áries. Além de complexos embates de influência e autoridade ocorrendo entre figuras dos Três Poderes, foram pautas dos últimos dias a PEC pró-Judiciário (projeto que propõe volumosas remunerações adicionais a juízes e promotores) e o debate em torno de mensagens dúbias envolvendo intolerância religiosa, ambos temas diretamente relativos à casa 9, onde a lunação se iniciou.
Vale lembrar, aliás, que a longa temporada de Saturno em Peixes (que se encerra, definitivamente, só em abril de 2026) aponta para denúncias e punições precisamente nesse âmbito:
“Por Peixes ser território de Júpiter, há uma grande probabilidade de observarmos restrições e até enfraquecimento de organizações e líderes religiosos — basta lembrar do trânsito de Saturno por Sagitário (outro signo jupiterial), em que uma série de “mestres” espirituais se tornaram alvo de denúncias, investigações e condenações por condutas criminosas com seus discípulos. Eu sempre repito que não é à toa que Peixes é o único signo com nome de animal escrito no plural, e não no singular — tratamos aqui de questões e dinâmicas coletivas, de bandos e grupos, incluindo tudo que tange a conexão entre os seres que vai além do racional. Os ambientes religiosos, obviamente, estão na mira desse Saturno, que deve vir também ‘botar ordem’ no que é da esfera da devoção e da religiosidade.” [trecho da edição #78]
Lua Cheia em Escorpião
previsões até 8 de maio de 2024
O mapa da Cheia para o Brasil tem o ascendente a 19º de Sagitário, com o regente sendo Júpiter em Touro na casa 6 — a Lua Cheia em Escorpião, portanto, em oposição à ele também. O tema de maior destaque dessa quinzena é a saúde da população. Pela oposição dos signos em questão, me parece que esse tema tende a ser evidenciado principalmente no que envolve o Programa Nacional de Imunizações, que tem sido alvo de crítica em razão do enfraquecimento de campanhas de reforço à vacinação, além da desatualização de versões contra novas variantes do vírus da Covid (recomendo ouvir o primeiro bloco do episódio do Angu de Grilo dessa semana, que aborda justamente essa tema).
É um mapa que indica grandes ações sendo empreendidas e mobilizadas em torno dessa questão? Não, até porque esse não é o assunto principal dessa lunação, mas a necessidade e urgência em torno dessa pauta ganham destaque, iniciando uma retomada nessa direção. A “retomada”, aliás, é diretamente representada pelo fim da retrogradação de Mercúrio em Áries no próximo dia 25, pouco após a Cheia — e Mercúrio, vale ressaltar, é o regente dos temas de saúde pública para o Brasil nesse ano astrológico. É bem provável que a Ministra da Saúde reapareça de forma mais expressiva em pronunciamentos públicos, e que a revisão de medidas do plano comece pela população de jovens e crianças. Um ponto positivo, aliás, é que, apesar da ênfase de casa 6, o mapa dessa quinzena não me parece apontar um agravamento da situação de saúde ou forte aumento do número de infecções respiratórias.
Em termos políticos, não há muito a destacar: o presidente ocupa um lugar de destaque bastante vocal, como tem sido nesse último mês, desde o início do ano astrológico. A retomada de movimento direto de Mercúrio em Áries reforça “chamadas de atenção” e falas com forte repercussão. Há aproximação de governistas com figuras do Legislativo, mas não o suficiente para firmar laços nesse momento, pelo que parece.
A presença de Marte e Saturno em Peixes na casa 4 acende um alerta sobre o território e riscos ambientais. Infelizmente, esse é um mapa que reúne vários indicadores de chuvas intensas e risco de enchentes — restrito a certas regiões, visto que não é uma época típica de precipitação forte em todo o Brasil. Pode significar, por outro lado, outros tipos de acidentes, obstáculos ou problemas gerais ligados ao fornecimento de água em determinados locais, podendo acarretar em prejuízos de moradia para algumas populações. (Como de costume, em relação às previsões desse tipo, espero estar bastante equivocada na interpretação.)
No mais, é isso. Cuidem-se, e desfrutem da própria presença sem pressa, que é das coisas que o signo de Touro tem de melhor pra nos ensinar. A próxima edição da Meio do Céu sai no dia 8 de maio, juntinho da Lua Nova. (Talvez saia alguma edição da burburinho antes disso, mas cês sabem que só escrevo essa quando tô muito a fim, certo?)
Um abraço e até,
Ísis
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