edição #101, Eclipse Solar a 19º de Áries
🎵 Para ler ouvindo “Music Inspired By the Color of Pomegranates”, de Aram Bajakian
Alguém aí tem vivido dias tranquilos? Se esse é o seu caso, considere-se com sorte. A primeira temporada de eclipses de 2024 começou no fim do mês de março, pouco após o ano novo astrológico, e nesse ano veio acompanhada de alguns complicadores: Marte e Saturno trabalhando conjuntamente em Peixes, Mercúrio retrógrado, e os benéficos Vênus e Júpiter sem muitos meios de atenuar a tensão instaurada. Já sabíamos que o começo do ano astrológico seria turbulento, mas a boa notícia é que, ainda no fim de abril, a qualidade de aspectos e trânsitos no céu melhora consideravelmente, e teremos semanas menos atribuladas em maio e junho.
Essa é uma edição dedicada ao Eclipse Solar Total do dia 8 de abril, ocorrido no grau 19º de Áries, amplamente visível na maior parte da América do Norte e Central. No Brasil, por não ser um fenômeno observável, esse eclipse foi simplesmente uma Lua Nova em Áries, marcando o início da primeira lunação do ano novo astrológico. Como de costume, o mapa da Lua Nova traz promessas e possibilidades em vista para o ciclo lunar de 28 dias. Porém, para separar melhor o entendimento de cada coisa, hoje focaremos nos efeitos do eclipse para os Estados Unidos, devido à relevância dos eventos previstos para esse país — e introduzindo, também, algumas considerações gerais, interessantes de serem observadas por todos nós.
Na astrologia, eclipses solares são tradicionalmente conhecidos por representarem maus agouros a figuras de poder ou influência. É como o decair de uma posição de eminência — o que não deveria ser estranho, visto que a natureza nos mostra que o tempo é cíclico, constantemente marcado por um Sol que nasce e se põe, impreterivelmente, a cada novo dia. A vida nasce, e padece. Líderes vêm e vão. A força individual, centralizada, é sempre finita: o que fica para além do tempo vital de cada ser tem a ver com as relações que se estabelece com o meio, não com o indivíduo em si. Nesse sentido, os eclipses solares são grandes marcadores temporais do enfraquecimento de algumas soberanias, da primazia de certos comandos sobre outros. A moralidade por trás desses eventos é atribuída pelas nossas mentes humanas; na natureza, esse é apenas o Tempo, operando conforme lhe cabe.
Isso também não significa que eclipses solares apontem efeitos apenas sobre conjunturas políticas. Como ocorre nos lunares, tais eventos frequentemente vêm acompanhado de instabilidades ambientais, desastres naturais e fenômenos coletivos de grande magnitude. Talvez o principal diferencial do eclipse solar para o lunar seja a mudança de referência que ele produz: um ponto de orientação ou de certeza se altera, é modificado de forma aguda ou imprevista. E também, é claro, da abrangência temporal que o eclipse solar possui, tendo seus efeitos percebidos por vários meses, ou até alguns anos.
Observando um mapa astrológico, é possível notar que os eclipses ocorrem sempre com os luminares (Sol e Lua) próximos aos nodos lunares. Os nodos são pontos virtuais, que não existem materialmente, mas que indicam o cruzamento da órbita da Lua com a eclíptica e, por isso, são bastante relevantes na análise astrológica. Em termos práticos, basta saber que eles significam instabilidade — e que, também por isso, eclipses costumam sinalizar “pontos de virada” importantes no âmbito coletivo e na nossa vida pessoal. Desde julho de 2023, o Nodo Norte está em Áries, e o Nodo Sul em Libra. A mudança do eixo dos nodos indica que todos os eclipses ocorrerão naqueles signos, até o eixo mudar novamente — o que ocorrerá em janeiro de 2025, quando eles entrarão em Peixes-Virgem.
A nível pessoal, e numa perspectiva de tempo mais ampla, é interessante observar as casas astrológicas em que os nodos lunares passam a ocupar em seu mapa natal. O que é mais curioso sobre eles é que os nodos indicam forças e movimentos contrários: o Nodo Norte em Áries orienta o desenvolvimento de autonomia, integridade e confiança nos temas relativos à casa em que ele está ocupando. O Nodo Sul em Libra, por outro lado, aponta para algum tipo de diminuição ou depuração (como uma “faxina” mesmo) em dinâmicas excessivamente vacilantes e dependentes de forças externas a si — novamente, envolvendo os assuntos referentes à casa em que ele está ocupando agora.
O que sei a partir de mim? O quanto confio nas coisas que descubro por mim mesmo?
Que papel o olhar do outro possui na descoberta de quem eu sou, e o que desejo?
A validação externa que procuro proporciona vínculos de troca, ou de dependência?
Se o olhar alheio me importasse menos, que tipo de visão eu poderia ter sobre a situação que estou vivendo agora?
Como cultivar atenção e discernimento por meio do meu corpo, das minhas próprias experiências e sensações?
Essas são algumas questões úteis para carregarmos junto de nós, ao longo desses próximos meses. Para quem desejar observar esse trânsito dos nodos lunares à luz do seu próprio mapa natal, lembrem-se de que há um resumo dos significados das 12 casas no guia de modos de uso do lunário, disponível para download gratuito na loja Alfa Serpente.
Sem mais delongas, vamos às previsões!
Fazia tempo que não indicava música por aqui: hoje trago esse álbum instrumental que é uma grande dança sonora entre imaginação, beleza e tensão. Tem algo nele que me evoca a qualidade dos signos cardinais. De alguma forma, me parece acompanhar muito bem os símbolos do céu desse eclipse/Lua Nova em Áries.
o ano decisivo dos Estados Unidos
Como o mapa múndi abaixo mostra, esse eclipse solar abarca diferentesregiões e países. Em 2024, no entanto, o mundo todo está de olhos bem atentos ao que ocorre nos Estados Unidos, devido a vários eventos geopolíticos em curso, e as aguardadas eleições presidenciais que terão Joe Biden e Donald Trump novamente em disputa.
Embora haja vários significados possíveis, a principal condição que enxergo em relação aos efeitos do eclipse nos Estados Unidos é de uma certa reviravolta no tema das eleições. Alguns testemunhos apontam para essa previsão, e vamos examiná-los mais de perto.
O mapa anual
Nosso ponto de partida é, como de costume, o mapa do Ingresso Solar em Áries, que carrega os símbolos e promessas de eventos para o país em questão. Calculado para a capital, Washington, os EUA tem Marte como planeta regente do ano para o país. No mapa anual, Marte em Aquário está cravado no ângulo do fundo do céu, uma posição de atenção e perigo em torno dos temas de casa 4, que envolvem a oposição declarada ao governo, mas também o meio ambiente, as populações nativas, o próprio território, etc.
Marte em Aquário é um conspirador, e parece adequado ao local que envolve as forças opositoras à Biden, o presidente em exercício; Trump, seu adversário eleitoral, é bastante conhecido por suas alegações de fraude eleitoral e influência sobre o imaginário fantasioso da extrema-direita. O planeta regente da oposição nesse mapa, inclusive, é um Saturno em Peixes na casa 5, local associado ao processo eleitoral, onde divide espaço com a Vênus em Peixes, apontando dedicação total à esse tema no ano à frente.
Há alguns fatores de preocupação sobre esse mapa: a angularidade de Marte significa alta combatividade e estratégias agressivas vindo da oposição, envolvendo a mobilização de todo tipo de artifício — especialmente os dissimulados, característica do signo de Aquário — para alcance de seus objetivos. Marte a 27º de Aquário sobrepõe, inclusive, a Lua natal no mapa de fundação dos Estados Unidos1, reforçando o sentido de que este é um ano bastante significativo para a nação, e em que a população se torna alvo de disputas ideológicas e estratégias de manipulação.
Ter Marte como regente do ano para os EUA traz, além de tudo, uma carga dramática extra. Marte terá um período de retrogradação bastante crítico, iniciando em 6 de dezembro com o planeta no signo de Leão, retornando ao signo de Câncer em 6 de janeiro de 2025 (sim, justamente no 6 de janeiro!) e retomando o movimento direto só em 23 de fevereiro. Tal trânsito de Marte acende alerta para um cenário bastante turbulento durante o período citado, especialmente no início de janeiro, com o reingresso num signo de extrema instabilidade para esse planeta.
Apesar do cenário bastante adverso, considerando apenas esse mapa, podemos observar indícios fortes de um resultado eleitoral favorável ao Partido Democrata:
O ângulo MC (que representa o governante) aparece em Leão, um signo fixo, apontando para continuidade do poder;
O regente do MC é o próprio Sol em Áries na casa 6: indica fortes desgastes, inclusive de saúde física, mas tem autoridade sobre o próprio local;
A Lua, representante do povo, além de estar num trígono em recepção com o Sol (o governante), também ocupa a própria casa 10, numa posição de mais afinidade do que contrariedade ao poder estabelecido.
O mapa do eclipse
No mapa para a capital dos Estados Unidos, o eclipse solar ocorre na casa 9, sendo bem visível em todo o país. Há, aqui, alguns significados que reforçam e complementam o panorama favorável à candidatura de Biden, já descrito no mapa anual: novamente, temos um signo fixo no ângulo MC, reforçando a permanência de poder; Júpiter, regente da casa 5 (o processo eleitoral, por se tratar de um tipo de competição), ocupa a própria casa 10, conduzindo o significado de vitória ao governo vigente.
Além disso, a regente do governante atual nesse mapa é Vênus em Áries, compartilhando espaço na casa 9 com os luminares e Mercúrio retrógrado. A Vênus que representa Biden está com uma condição bastante especial, que chamamos de nascer helíaco, quando um planeta está a cerca de 15º de distância do Sol e que, por isso, aparece no céu com um brilho aumentado, logo antes do raiar do dia.
Por outro lado, a oposição aparece no mapa do eclipse sendo representada por um Marte em Peixes que se encaminha para uma conjunção exata à Saturno na casa 8, local de crises, problemas e criminalidade. Apesar do aspecto e disposição de Júpiter na casa 10, não há boa recepção entre Marte e ele, sendo bastante improvável pensar num cenário favorável para opositores políticos a partir daí.
É preciso considerar, porém, que os efeitos desse eclipse nos Estados Unidos se prolongarão por muito tempo, pelo menos até o ano de 2026, e que outros temas e contextos estarão representados nesse mapa, para além da disputa presidencial em jogo atualmente. Como mencionei na edição sobre o ano novo astrológico, a casa 4 inclui os temas de territorialidade, agricultura, fronteiras, meio ambiente, etc. A observar pelo mapa do eclipse e o mapa anual dos Estados Unidos, enxergo também para o país um risco aumentado de catástrofes envolvendo corpos d’água, ou mesmo causando impactos no abastecimento e distribuição de água para a população. Dentro dos símbolos do mapa, podemos ler potenciais danos ou quebras de estruturas, contaminações em rede de suprimentos, desastres naturais como furacões e tempestades que provocam enchentes, alagamentos e populações desabrigadas, etc. O repertório de possibilidades, infelizmente, é vasto.
No mais, embora seja cedo para cravar um resultado eleitoral, os mapas apontam nitidamente para um lado da disputa mais favorecido do que o outro. Astrologicamente falando, pelo menos, é o que me parece. Para sanar essa e outras dúvidas, aliás, também consultei os mapas pessoais de Biden e Trump, incluindo as revoluções solares, buscando mais testemunhos de resultados. Interessa a vocês acompanhar essa análise também? Me contem aí nos comentários.
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Um abraço e até a próxima,
Ísis
Existe muita controvérsia sobre qual seria o mapa de fundação dos Estados Unidos. Para os fins dessa análise, uso aqui aquele que é de uso mais frequente entre os astrólogos de lá.
Comecei a news com o c* na mão do testemunho ser de Trump voltando... kkkkkk
Agora, um estudo mais aprofundado dos mapas do Biden e do Trump seria bem interessante, né? Duas figuras de destaque, que entraram e saíram dos holofotes várias vezes. Deve dar um caldo!
Eu sempre amo suas recomendações de música. E sim, quero uma análise dos mapas dos candidatos.