Oi. Sobrevivemos bem ao Carnaval? Espero que sim. Os últimos dias foram uma montanha-russa de emoções por aqui, e chego com uma edição mínima, com uma leitura de lunação freestyle e sem grandes previsões, pois é tudo que eu posso oferecer hoje.
Para começar, acho que vale uma retomada de onde estamos no céu agora: no último dia 20, segunda-feira passada, tivemos a Lua Nova em Peixes, iniciando a Lunação de Peixes, a última do ano astrológico de 2022. Sim, estamos na “finaleira” do ano astrológico, aquele climinha de virada prestes a se instaurar. Se você precisa recomeçar, gostaria de fazer alguma mudança ou simplesmente está notando a vida prensando você para seguir novas direções que parecem irresistíveis ou incontornáveis, não se aflija: é tempo disso mesmo. Pouca coisa é fácil nessa vida, mas mudança nem sempre é ruim. Sei que falei à beça de mudança desde a Lunação de Sagitário, quando tivemos um festival de signos mutáveis no céu, mas essa Lunação de Peixes trata de renovação mesmo, de um jeito que não víamos há muito tempo.
A questão é que a lunação começou com a presença de Saturno e Mercúrio em Aquário no ascendente. Para começar, um Saturno angular num mapa noturno cobra seu preço: no caso, instaurando um climinha terrível de frio na barriga, sensação generalizada de insegurança, paranoias e preocupações (lembrando que ele também rege a casa 12 aqui). A participação de Mercúrio não ajuda muito pela sua regência da casa 8 e da 5, onde está seu interlocutor Marte em Gêmeos. A afetividade e o próprio potencial de dar vazão às ideias e agir sobre o que se deseja ficou prejudicado, confuso, turbulento, movido demais por inseguranças e certezas absolutas (se nos últimos 7 dias vocês não teve nenhuma discussão nem se viu na defensiva a troco de nada, meus parabéns).
Nem tudo é só desgraça, porém: Júpiter ameniza um pouco a crise instaurada situando-se na casa 3, aquela do diálogo e da comunicação; Vênus, que na Lua Nova ainda estava em Peixes, agora já caminha destemida por Áries junto à Júpiter. O encontro de Vênus-Júpiter no primeiro signo do zodíaco é uma união benéfica e cheia do simbolismo da iniciativa e do recomeço. A Vênus em Áries (da qual falarei mais na próxima edição) sempre me lembra que, às vezes, o Tempo é um fardo pesado demais para ser carregado: o ímpeto de mudar, dar partida e começar de novo também é um ato de amor à vida e seus constantes movimentos. Estabilidade demais também traz problema.
Em suma, é tempo de encarar as mudanças que já começam mostrar seus sinais por aí. Para isso, contudo, é preciso enfrentar o medo que antecede esses processos: pegar a paranoia e a preocupação e colocá-las pra conversar, pra dialogar, pra mostrar o que diabos elas estão tentando evitar, proteger ou defender. Como Altair está ativada no ascendente e essa é uma estrela fixa que trata de capacidade de observação de grandes distâncias, podemos pensar também no risco de criar cenários grandiosos e mais dramáticos do que parecem — afinal, Saturno em Aquário também significa ilusão e engano. Com isso, me vem à cabeça aquele ditado popular: “quando escutar batidas de casco, pense em cavalos, não em zebras”. Não aumente o que não precisa, nem embarque de vez numa paranóia que talvez não seja exatamente o que você esteja vendo. Talvez as coisas sejam menores, mais simples, menos abrangentes do que se imagina. Pegue leve na autocobrança e no julgamento, que a tendência é à uma avaliação exagerada — que pode vir até a bagunçar seu contexto pessoal e produzir boas mudanças, mas só se houver capacidade de troca, escuta e reconhecimento de onde se falhou.
Além disso tudo, cabe lembrar que Saturno está nas últimas de Aquário e ingressa em Peixes já na semana que vem! Essa é a mudança de trânsito mais significativa no céu dentro dessa lunação. Saturno em Peixes, porém, é tema pra um pouquinho mais adiante. Por enquanto, vale pra gente viver o que nos resta dos graus finais de Aquário, um posicionamento extremamente marcante sobre tudo o que passamos nesses tempos. É difícil olhar para os últimos três anos e não perceber o tanto de Saturno em Aquário no que vivemos: a pandemia, as conspirações, as fake news, a inteligência artificial, as questões sobre exposição e privacidade, a viralização nas redes sociais, a defesa (e vitória) da democracia, o alcance da crise climática. Agora, vivemos dias finais desse trânsito, quando os significados desse planeta estarão especialmente enfatizados devido ao seu afastamento do Sol: ele volta a ficar visível no céu ao amanhecer por alguns dias — o que chamamos de nascer helíaco — antes de adentrar de vez sua fase diurna no céu, por vários meses. Quem tiver interesse de observar (e se despedir) de Saturno em Aquário com mais brilho e clareza no céu, seguem as dicas: consulte o horário do nascer do Sol na sua cidade; encontre um local com boa visibilidade do horizonte leste (sem montanhas, prédios, etc); esteja a postos cerca de 30 a 50 minutos antes do horário do Sol nascer. Aqui no Rio, por exemplo, nos próximo dias o Sol nascerá entre 05h51 e 05h54, então o intervalo é entre 05h e 05h25 (depois disso, o céu já está claro demais). Os melhores dias devem ser o 5 e 6 de março, mas a observação tá valendo desde já, até o dia 7.
No mais, uma lunação em que Sol e Lua em Peixes se encontram na casa 2, com seu dispositor, Júpiter, na casa 3: a gente tem fome e sede de alimento, sim, mas não só. O circular na rua, os encontros fortuitos, a magia do improvável, a encruzilhada e a conversa como vínculo e troca também são o que sustentam o convívio e existência nessa realidade tão doida (e doída) da vida. Esse é um ciclo que nos convida a valorizar e compartilhar o que nos nutre como parte do cardume em que escolhemos nadar. Findo o Carnaval, que a gente possa reinventar nas frestas do cotidiano o espaço possível para satisfazer também essas outras necessidades.
E por hoje é só isso mesmo, minha gente. Nos vemos no próximo domingo com o panorama da segunda metade da lunação a partir da Lua Cheia, e também com o drink da Vênus em Áries, seguindo nossa nova editoria inaugurada semanas atrás.
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um abraço e até a próxima,