A Lua encontrou o Sol em Câncer no último dia 5 de julho, inaugurando uma nova lunação. No momento da conjunção dos luminares, ascendia no horizonte o signo de Aquário: quem rege o mapa da primeira metade desse ciclo, portanto, é Saturno em Peixes, que acabou de iniciar sua retrogradação.
Na sua lentidão de quem tem precisado recalcular a rota, Saturno retrógrado em Peixes enxerga de perto todos os outros planetas, à exceção de Mercúrio; nem sempre é possível entender qual caminho se deve seguir ou o que se deve fazer, mas há uma força vital que nos anima e nos mantém íntegros, mesmo quando todo o resto perde o sentido. Saturno faz um sêxtil exato com Marte em Touro: apesar das conhecidas dificuldades, devagar também é velocidade. E certas rupturas surgem para dar espaço a algo novo.
Os aspectos de Saturno recem-retrógrado em Peixes, um signo mutável, em trígono com os luminares e a Vênus em Câncer, signo cardinal, parece até uma peça que o Tempo prega em nós: o que era fim vira começo. Há algo que precisa (ou precisava) mudar, ser modificado, morrer e renascer de outra forma? Me parece que sim. Esses dias, passou no meu feed no Instagram algo sobre não podermos esperar encontrar coisas novas construindo com os mesmos tijolos sempre. Perdi a referência, claro, mas acho que algo aí se aplica: Saturno, senhor do tempo, retrograda em Peixes, desacelerando do seu sentido habitual e embaralhando a experiência linear do que se percebia construído. Outras coisas nascem, coisas novas surgem. Pode ser doloroso, choroso, cansativo, mas que saída há, senão seguir adiante? Ainda que seja com dor, choro e cansaço?
Manter-se fixo em meio ao turbilhão talvez seja uma estratégia difícil de ser mantida num ciclo que aponta para instabilidades. A capacidade de improvisar é uma qualidade da natureza da Lua, que neste mapa está em Câncer e conjunta à estrela Sirius: confiar na reação instintiva do próprio corpo e perceber o que ele nos informa é um compromisso de preservação consigo mesme. Há de se chegar um tempo em que pisar firme se torna uma perspectiva possível, mas não agora, não ainda. É a surpresa e o inconstante que se põem à mostra, e testam os limites do nosso próprio corpo. O sentir e o chorar nos devolvem ao próprio corpo. Lua, Sol e Vênus em Câncer em trígono com Saturno em Peixes, exilando o grande maléfico: a fé, a raiz e a intuição enfraquecem o medo.
A nível político, a primeira metade da lunação favorece especialmente as relações internacionais e dá visibilidade aos temas que envolvem acordos e trâmites com outros países. Pouco antes da Lua Cheia, Mercúrio alcança os graus finais do signo de Leão, ativando o Lote da Fortuna do mapa anual, apontando para algum tipo de ganho ou benefício que se dá por via estrangeira.
Vênus ingressa em Leão, ocupando a casa 7 da lunação e dando visibilidade aos temas venusianos no cenário estrangeiro: o clima das vésperas das Olimpíadas parece amistoso e favorável, na perspecitva do Brasil. Marte ingressa em Gêmeos também antes da Lua Cheia, reforçando os significados de entretenimento, competições e esportes.
A segunda metade da lunação se inicia em 21 de julho, com a Lua Cheia em Capricórnio (a segunda do ano!).
A Lua em Capricórnio na casa 6 se opõe ao Sol em Câncer na casa 12, fazendo da segunda metade desse ciclo lunar um período de visão turva e de uma forte atmosfera de insegurança, em que é difícil enxergar muito à frente. Há um ganho de confiança e de visibilidade importantes com o ingresso do Sol em Leão, já no dia 22, mas provavelmente não o suficiente para reverter o clima geral mais temeroso. Além disso, com a Lua novamente ocupando a casa 6, agora exilada, no último grau de Capricórnio, a mensagem é clara: o cansaço é geral e não se deve forçar demais a barra, pra não arriscar maiores desgastes físicos, acidentes ou adoecimentos. É importante pegar leve com o corpo e redobrar os cuidados de saúde (inclusive de alimentação, com risco maior de intoxicações), porque o prejuízo após a Lua Cheia aparece aumentado.
Com Vênus e Mercúrio em Leão regentes das casas 10 e 11 ocupando o ascendente, há bastante movimentação política e atuação relevante (inclusive de bastidores) ao longo da segunda metade da lunação. O ingresso de Mercúrio em Virgem favorece temas econômicos, e por ser regente do ângulo MC e da casa 9 no mapa anual e deste trimestre, também promete avanços e conquistas favoráveis em relação a temas de justiça e que envolvem diretamente o Poder Judiciário e os direitos da população. Porém, como Mercúrio ainda irá retrogradar em Virgem pouco após a próxima Lua Nova, nada que se instaura ou se realiza por agora é definitivo, e se arrasta por mais tempo do que gostaríamos.
No mapa da Lua Cheia, o regente da casa 5 (esportes e competições) é um Júpiter exilado, conjunto ao Marte em Gêmeos, esse com a estrela Alcyone. Me parece que a performance do Brasil nas Olimpíadas vai ser um pouco decepcionante — especialmente pelo estado da Lua debilitada na casa 6, que aponta para lesões —, frustrando a antecipação fervorosa das vésperas (espero estar bem errada). De toda forma, a Vênus em Leão tão próxima ao ascendente garante visibilidade e vocalidade de figuras femininas no cenário geral, o que parece estar mais relacionado ao âmbito político, mas também pode incluir atletas e artistas.
Que outros assuntos e pautas interessam vocês analisar nesses mapas? Me contem nos comentários, que assim podemos observar esses temas também.
A próxima edição da Meio do Céu com previsões gerais deve sair um pouco antes da Lua Nova em Leão, no dia 4 de agosto. Antes disso, teremos edições especiais dela e da burburinho, minha newsletter de astrologia mais pessoal.
Um abraço e até,
Ísis
A newsletter meio do céu é gratuita, mas você pode se tornar um assinante pago e apoiar o meu trabalho.
Apoiadores recebem edições especiais com conteúdos exclusivos — análises de mapas e eventos, textos sobre teoria astrológica, estudos experimentais, etc. Nesse conteúdo exclusivo, recebo também as sugestões de vocês para estudo e escrita sobre o que a gente quiser observar e descobrir em termos de astrologia.
Quem apoia financeiramente pode optar pela assinatura mensal (cobrada a cada mês), anual (pagamento único, com um descontão) ou de membro fundador (para quem tem de sobra e pode apoiar com mais). Para se tornar assinante pago, basta atualizar o status da sua assinatura nas configurações da sua conta do Substack.
“confiar na reação instintiva do próprio corpo e perceber o que ele nos informa é um compromisso de preservação consigo mesme.” Que bonito isso… um respiro.
Coqueluche virando problema nos jogos olímpicos
https://www.bbc.com/portuguese/articles/c2lk5j7j75jo