Acho que ainda era bem criança quando entrei em contato com a ideia de “desimportância” pela primeira vez. Deve ter sido quando me apontaram o céu, ou quando vi uma foto do universo, e absorvi essa informação: o nosso planeta inteiro está dentro de uma coisa que é do tamanho de um desses pontinhos de luz, perdidos no espaço, e olha só quantos deles tem. Entendo que essa noção de insignificância pode ser angustiante para um monte de gente, mas a pequena Ísis sentiu um tipo de alívio existencial quando entrou em contato com essa ideia aí. Putz, nada é tão importante assim, relaxou.
O Sol caminha por Áries, signo que não é seu domicílio, mas sua exaltação — um termo técnico que usamos para dizer que o astro em questão está ocupando um signo em que possui bastante afinidade simbólica, mas que pode se expressar de forma meio exagerada, e também mais instável. O que um Sol exaltado pode significar, na prática? Bom, o Sol trata de poder, autoridade e vitalidade, como já vimos diversas vezes nas interpretações dos mapas por aqui. Um significado dele que eu menciono mesmo, no entanto, é o da visão: a capacidade de ver e enxergar, tanto em termos metafóricos quanto literais. Isto é: uma pessoa nascida com um Sol fortalecido e sem grandes impedimentos no mapa carrega uma qualidade de discernimento, consciência e capacidade de vislumbrar o que não é visível para outres, por exemplo. Ou mesmo uma boa visão física mesmo: olhos saudáveis, simplesmente.
Enquanto o Sol percorre o signo de Áries, a Lua cresce em Libra — e a Lua também fala de visão, sendo um segundo luminar, o outro astro que ilumina a Terra (que reflete a luz solar). A oposição que agora se forma entre Sol em Áries e Lua em Libra sinaliza a proximidade da Lua Cheia, e alcança seu ápice no início da madrugada desse próximo dia 6. Toda Lua Cheia é uma oposição entre os luminares ou, em outras palavras, toda Lua Cheia é marcada pela oposição entre modos distintos de funcionamento no mundo, ou entre formas destoantes de consciência. (Nem melhor, nem pior, apenas diferente.) Não é à toa que os dias próximos à Lua Cheia são comumente associados à agitação, mudanças de comportamento nos seres vivos e um climinha geral de confusão e gritaria (nem sempre negativos, é claro). No mínimo, uma remexida aí na percepção geral das coisas costuma acontecer.
Uma coisa curiosa que ocorre nessa oposição entre Sol em Áries e Lua em Libra, nesse ano atual, é que ela nos leva a uma certa cegueira de julgamento, e também a reações exageradas. Isso porque o Sol caminha em Áries já bem perto de Júpiter, ofuscando-o com seu brilho: a capacidade de discernimento e visão consciente se confunde, tendendo ao exagero e à má avaliação das situações. As coisas podem parecer muito mais extremas do que de fato são. Ao mesmo tempo, o único outro planeta que aspecta a oposição Sol-Lua é o Marte em Câncer, que age aqui como uma faca de dois gumes, em que um dos lados está cego: se for utilizada na pressa ou sem muito cuidado, vai destroçar o que tiver pela frente.
Ou seja: a conjuntura geral que o céu traz é de um tanto de engano e reatividade que podem levar a cortes bruscos, ações precipitadas e uma ânsia por resolver ou “dar fim” a coisas que não precisam ser apressadas agora. É um céu péssimo? Não. Mas essa mexida aí na capacidade enxergar e avaliar as situações pode estar dando uma bela bagunçada na rotina, especialmente para os que vem vivendo períodos regidos por Marte, Júpiter ou os luminares.
Voltando ao início do texto, os últimos dias me fizeram pensar sobre importância e desimportância. Aquele velho papo de que as coisas têm o tamanho da importância que a gente dá à elas, sabe? E nesse choque de monstro entre um Sol em Áries e uma Lua em Libra — uma visão exaltada e uma visão ponderada das coisas —, há de ter um caminho do meio. Nem tão lá, nem tão cá. Se tudo parece importante ou significativo demais agora, concentrar-se na ideia de que nada é pra já, que tudo passa e que não é preciso intervir ou correr atrás das coisas o tempo todo. Se nada parece importante ou digno de atenção, considerar que nós temos a capacidade de atribuir significado às coisas e torná-las importantes; e que estar vulnerável e ser afetado pela importância delas é, inclusive, parte da experiência humana.
Em resumo, uma Lua Cheia que é uma chamada ao dimensionamento do que se tem vivido desde o início da lunação: observar o que anda meio desmedido, o que anda difícil de enxergar e aceitar. Dar às coisas o tamanho que elas têm, ou que se gostaria que elas tivessem. Viver é, em certa medida, também uma invenção.
Escrever essa brisa sobre importância-desimportância me fez lembrar muito de uma música da Isabela Morais, uma amiga querida que a astrologia me trouxe. Tive o prazer de criar a capa do primeiro álbum dela, cujo nome é o mesmo dessa faixa final, a minha preferida. Recomendo a escuta:
primeira Lunação de Áries
Lua Cheia em Libra: previsões até 20 de abril
Chegada a Lua Cheia, o que ela nos traz em termos de previsões até o fim dessa primeira lunação de Áries? Bom, se o mapa da Nova indicava um momento de dedicação à vida pública, à convivência e amizades, a Cheia inaugura um período mais interiorizado, voltado aos temas de rotina, vida doméstica e família.
Com a virada dessa segunda metade da lunação, a sociabilidade ganha ares de desgaste: embora haja uma pressão por conciliações no âmbito das relações, é preciso considerar o quanto se anula de si para ceder espaço ao outro — a maleabilidade nas trocas e diálogos das relações pode ser muito proveitosa, mas é preciso atenção para não descambar para um estado de passividade quieta, muda e permissiva à tudo que lhe acontece. A oposição Sol-Lua é quadrada por um Marte em Câncer: no esforço de equilibrar os pratinhos na balança, algum vai ter que cair. É um período de escolhas e prioridades. No fim das contas, servir a tudo ou agradar a todos cobra um preço emocional caro demais para ser pago.
No mapa calculado para o Brasil, a oposição entre Sol e Lua ocorre no eixo das casas 3 e 9, levantando os temas das comunicações, educação, justiça, diplomacia e negociações internacionais, principalmente. O regente do país é um é um Saturno em Peixes na casa 2, disposto por um Júpiter em Áries que é ofuscado pelo Sol na casa 3. Há uma ênfase evidente em questões econômicas e comerciais até o fim dessa lunação, o que vem se desenrolando, como previsto, desde a Lua Nova; vejo a definição de acordos e concretização de decisões sobre esses temas que favorecem o Brasil, mas há algo de ambíguo também em relação ao cenário internacional. Pelo Sol reger a casa 7 e se sobrepôr à Júpiter que rege a casa 2, essas trocas e resoluções positivas podem vir acompanhadas de algum tipo de prejuízo ou risco mal calculado — negociações que envolvem ter que abrir mão de alguma coisa ou sofrer alguma imposição do lado de lá. De toda forma, Mercúrio e Vênus em Touro na casa 4 reforçam a promessa de investimento estrangeiro que mencionei lá no mapa do ano novo, especialmente nas áreas de infraestrutura e meio ambiente. A economia interna, no entanto, dá uma “patinada” até o fim da lunação.
Entre 1 e 22 de abril, Júpiter será atravessado pelo Sol, ficando combusto. Isso deverá ser visto [para o presidente Lula] como estresse na imagem pública e acusação de autoritarismo, exageros ou de excesso de centralização nos processos. [trecho da edição #79]
A regência do governo federal e do próprio presidente pelo Marte em Câncer na casa 6 não é uma interpretação simples: a meu ver, como já escrito acima, eles devem enfrentar certas instabilidades nas próximas semanas, apesar do saldo positivo no âmbito internacional. É possível que sejam problemas relacionados à viagem à China (prevista para o fim de março e adiada por questões de saúde), como desgastes físicos ou, também, estresses diplomáticos. Me parecem ser problemas contornáveis, mas não deixam de causar perturbações. Além disso, trâmites atuais no Congresso parecem ser ofuscados por outros temas que se sobrepõem, e também parecem sofrer algum tipo de imposição vinda do próprio Executivo.
No mais, Bolsonaro voltou ao Brasil, né? Mercúrio na casa 4 em aspecto exato com Saturno na 2 favorece a atuação de uma oposição nessa segunda metade da lunação e já tem cara, inclusive, de movimentos escusos e conspirações. Devem vir à tona mais descobertas suspeitas ou de crimes ligados à ele, como o caso das joias — a quadratura entre Vênus em Gêmeos e Saturno em Peixes no próximo dia 14 deve trazer notícias importantes sobre isso. Pra ficar de olho.
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um abraço e até a próxima,
rindo (de nervoso) porque essa primeira parte da news bate TANTO com meus últimos dramas kkkkkk
partiu acender vela pro nosso barba