edição #86
edição #86
aqui se planta, aqui se colhe | Lua Nova em Touro
Por motivos de desorganização pessoal, essa já é a terceira edição da semana, e sei que ninguém tá tão a fim de ler sobre astrologia com essa frequência. Mas a Lua Nova em Touro chegou anteontem e não tem como deixar passar o início da Lunação — essa é uma newsletter focada na perspectiva coletiva da astrologia, afinal! Com isso, trago hoje uma edição mais enxugadinha com previsões para essa primeira metade do novo ciclo.
A imagem que me veio à cabeça, ao observar o mapa da Lua Nova em Touro, foi o do vigésimo arcano do tarot, o Julgamento. Os luminares se encontram no signo de Touro na casa 9 do mapa calculado para o Brasil, um local de solenidade, ritualística, constituição e chamada à justiça. Continuidade. Touro é um signo fixo e isso mostra que as ocorrências desse ciclo têm muito a ver com o amadurecer de processos, consolidação, estabelecimento — mas envolvendo, também, novos inícios e perspectivas que inaugurem um cenário de mais acolhimento e conforto no que tange a sociedade e a comunidade. Vênus em Câncer na casa 11 é quem dispõe os luminares e Mercúrio e Júpiter, que também ocupam a casa 9 em Touro.
Colher o que se plantou. Lembram que há umas semanas atrás falei do Mercúrio retrógrado como quem “prepara terreno” para o ingresso de Júpiter, indicando um período favorável para ajustes que permitiriam mais fruição e prazer? Essa Lunação de Touro iniciada ontem aponta um ciclo em que tudo que andava meio nebuloso ou vago ganha concretude, materialidade, torna-se evidente e palpável. Uma capacidade de discernir e avaliar que é sentida pelo corpo inteiro. Para quem tem os sonhos noturnos como um veículo importante de processos inconscientes, ou tem uma intuição aguçada sobre as camadas de experiência mais sutis no cotidiano, esse é um período que inaugura esses assuntos com muita intensidade. Sonhos podem ficar muito mais vívidos, percepções subjetivas tornam-se nítidas e mais diretas, o que vinha aparecendo de forma tímida como desconfiança ou abstrata ganha contorno.
Esse é um ciclo muito marcado pelos temas de casa 9, que envolvem os conhecimentos “grandiosos”, que ampliam e enriquecem nossa perspectiva sobre o mundo e a vida, nos reconectam ao sublime, e também à um sentido de compartilhamento e comunidade. Estão favorecidas aí as atividades e trabalhos ligados à espiritualidade, mas também os estudos acadêmicos e o que envolve a justiça e os julgamentos. Mas é preciso ter em mente que é uma lunação de colheita: colher os frutos maduros de processos iniciados há tempos atrás. É uma colheita que não fica estagnada e promete novos começos, reinaugurações e novos períodos férteis e prósperos num sentido de coletividade, mas não faz milagre — não há terra fixa que faça milagre se não houve trabalho de plantio e semeadura. Mas que há recompensa nessa lunação, há sim.
O ponto sensível desse mapa da Lua Nova é o Marte nas últimas de Câncer, também na casa 11: falo que há espaço para desfrutar e compartilhar benesses na coletividade, no que se sente como comunidade para você, mas isso pode envolver alguns desentendimentos e rupturas com quem não anda “descendo” bem no seu entorno. Para alguns, é possível que essas experiências se deem em novos cenários, grupos sociais e locais de convívio que até então eram pouco ou nada próximos.
A questão que coloco é: que chão lhe dá sustento, no meio em que vive? Com quem dá para contar e confiar, se sentir amparado e pertencente? Quem compartilha de ideais próximos aos seus, ou abertos ao diálogo? Essa lunação também nos coloca a sentir muito bem o terreno onde pisamos, enxergar o local que ocupamos e entender, sem sem maiores sofrimentos, que o espaço de convívio coletivo ou de amizade envolve lidar com desentendimentos, desvios de caminhos e, também, reencontros. É um tempo que talvez envolva conciliações, mas também reconhecimento de certos limites e de diferenças difíceis de lidar — o quanto eles são negociáveis, e o que fica indigesto demais para engolir, devem ser temas importantes para esse ciclo também.
Lunação de Touro
Lua Nova em Touro: previsões até 3 de junho
Os mais observadores talvez reparem que o mapa dessa Lua Nova guarda similaridades importantes com o mapa da última Lua Cheia: Sol jubilado em Touro na casa 9, Saturno em Peixes se pondo no descendente ativando as estrelas Deneb Adige e Fomalhaut, Marte em Câncer na 11, etc. De fato, esse mapa da Lua Nova em Touro garante a continuidade de vários processos oriundos das últimas semanas.
Essa será mais uma lunação bem importante para o Brasil, o que se vê pela posição de Mercúrio em Touro bem próximo ao grau da Vênus do mapa do Ingresso Solar em Áries e a quadratura exata da Vênus em Câncer com o grau do Lote da Fortuna daquele ingresso, também — dois dados que sinalizam alguma vitória favorável à população. O que será? Tenho alguns palpites.
Uma informação que vale adiantar, de imediato, é que esse primeiro período de 22 a 28 de maio será bem agitado. Pela presença dos luminares, Mercúrio e Júpiter na casa 9, essa lunação evidentemente será marcada por temas e eventos pertinentes à esse local: o Poder Judiciário é o protagonista do período, e desenha encaminhamentos bem importantes com o Congresso também, já que a Vênus, que dispõe todos esses planetas, está em Câncer na casa 11. Dá pra esperar o desenvolvimento de processos de julgamento, que podem culminar em condenação e até prisão, continuando o que começou na segunda metade desse último ciclo, do início de maio pra cá. Vou pontuar, mais abaixo, o que me parece ter a ver com o quê.
Ainda sobre a casa 9, reafirmando algo que escrevi sobre a última Cheia, a Vênus em Câncer indica a atuação de relevância, memorável mesmo, de alguma figura feminina ligada ao Judiciário ou Legislativo, indicando coragem e iniciativa (uma Vênus conjunta à estrela Sirius não passa despercebida, nem expressa passividade). É mais do que foi no último ciclo, pois aqui a Vênus é dispositora dos luminares e do regente do mapa da Lua Nova (Mercúrio); ela é a responsável pelo encaminhamento que visa avanços em questões pertinentes à coletividade. Vejo duas possibilidades principais de significado: a primeira tendo a ver com a atuação de destaque e importância de alguma juíza ou parlamentar em relação à votações ou julgamentos; a segunda pode ser o significado de indicação de uma mulher para a vaga no STF, uma perspectiva improvável pela leitura da conjuntura política, mas que, astrologicamente, está bem viável. Lula pode surpreender nesse sentido.
O diálogo entre casa 9 e 11 e os planetas em Touro e Câncer me remetem a dois temas: a retomada do julgamento sobre a descriminalização do porte de drogas para consumo próprio, marcada para a próxima quarta-feira. Astrologicamente falando, pelo mapa da Nova, o cenário desse julgamento está favorável, mas o céu específico do dia 24 de maio (para quando está marcada a retomada) não é muito bom; a aplicação da Lua à Marte no meio da tarde indica uma forte possibilidade de adiamento, de algo que interrompe o julgamento para outra data. Mas se não houver adiamento e o julgamento seguir nesse dia ou no seguinte, a aprovação para descriminalização é bem provável sim.
Há também as tramitações em torno da discussão sobre o marco temporal — cuja votação a ministra do STF Rosa Weber pautou para ser votada em 7 de junho, porém, tem ocorrido pressão, articulada pela bancada ruralista, para aprovação de urgência do texto na Câmara antes disso. Esse tema já aparece muito fragilizado, especialmente entre os dias 23 e 26. Será preciso esforço para enfrentar a pressão, mas as perspectivas aqui não são boas.
A quadratura de Marte em Leão e Júpiter em Touro no dia 23 fala de riscos para líderes religiosos, juízes e juristas, como se estivessem num holofote de atenção e julgamento, e especificamente o trânsito da Lua em Leão, de 24 a 26, parece apertar o cerco sob essas figuras, incluindo parlamentares que se enquadrem nesse recorte simbólico. Não me parece tanto prisão de fato, mas uma complicação séria de situação que envolve fatos jurídicos, revelação de mais informações fundamentais, esse tipo de coisa.
Novamente, ecoando o que escrevi sobre o mapa da Lua Cheia, essa quinzena de Lua Nova não indica um cenário bom para opositores diretos do governo. Como há inquéritos e investigações dos mais diversos envolvendo diferentes pessoas, vou focar no que me parece ser o fato mais dramático dessa primeira metade do ciclo, entre o dia 27 e 28 de maio, quando teremos a Saturno recebendo oposição da Lua em Virgem e quadratura do Sol. Os militares aparecem como um ponto bastante sensibilizado nessa lunação, que deve ser marcada por movimentações e definições em relação a impasses que vêm ocorrendo, especialmente envolvendo membros das Forças Armadas como alvo de inquéritos e investigações. A meu ver, esses aspectos de quadratura/oposição que Saturno sofre podem significar duas coisas: a primeira seria um tipo de decepção ou até uma quebra de acordo envolvendo duas figuras distintas: uma sendo um tipo de autoridade e liderança, e a outra sendo alguém de cargo alto ligado diretamente às Forças Armadas; nesse caso, quem parece se dar mal na jogada é a segunda figura, do lado militar, visível também pelo Saturno poente no mapa. O segundo significado é o de aprisionamento, isolamento ou revelação de segredos; pode ser algum militar ou policial recebendo ordem de prisão, ou decidindo seguir um novo rumo e mudando a postura para se proteger de alguma forma. Esses aspectos me remetem diretamente à situação atual do Mauro Cid, preso do início do mês; embora seja difícil interpretar exatamente o que vai acontecer, a pressão sobre ele aumenta muito nesses dias citados, quando deve haver mais definição dos encaminhamentos do caso em que ele é investigado. Não me surpreenderia se ele, a partir daí, repensasse o próprio posicionamento e começasse a revelar fatos importantes em seus depoimentos, por exemplo — afinal, no caso de ser representado por esse Saturno em Peixes, sua situação é das mais complicas, sendo um planeta totalmente desamparado nesse mapa.
No mais, seguimos de olho, especialmente nas sessões do STF marcadas para essa semana. Qualquer atualização mais rápida, farei por aqui via notes e/ou pelo meu twitter, beleza? Um abraço e bom fim de semana!
As previsões escritas acima tiveram colaboração da discussão coletiva da última oficina de prática de astrologia mundana ministrada por mim, em que participaram ao vivo Aline Leite, Bia Cardoso, Carola Braga, Carolina Ronconi, Isabelle Fernandes, Juliana Machado, Julianna Granjeia, Patricia Guedes, Pedro Joffily, Rafael Monteiro e Valéria Silva. Valeu, turma!
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um abraço e até a próxima,
Refletindo sobre o texto antes de tomar algumas decisões. O convívio coletivo é realmente treta, lidar com desentendimentos e limites quase nunca me parece fácil, mas é sempre solo fértil mesmo, seja lá para que possíveis resoluções, abre caminhos.