Os ataques nucleares de 1945: Saturno e o nodo norte em Câncer
edição especial | astrologia & história
A edição de hoje é um especial de uma seção que faz algum tempo que eu queria inaugurar na Meio do Céu, focada em astrologia & história. Um grande chamariz da astrologia mundana atualmente é o potencial de prever situações e resultados de eventos coletivos de grande interesse. Mas a verdade é que, para fins de estudo e melhor compreensão do funcionamento e dos significados dos símbolos astrológicos, o passado é nossa melhor fonte de aprendizado. Observar o que já aconteceu pelas lentes da astrologia é uma forma de ganho de compreensão muito útil, capaz de ampliar nossa perspectiva sobre diferentes aspectos dos planetas em trânsito, e sobre a nossa a experiência coletiva ou individual do que já aconteceu.
Quem escreve a análise de mapas hoje é o Pedro Joffily, um dos meus alunos assíduos nas oficinas de astrologia mundana. Ele propõe o estudo sobre os mapas dos bombardeios sobre Hiroshima e Nagasaki, que nesse mês de agosto completam 79 anos, um terrível evento que marcaria irreversivelmente a história da humanidade.
O estudo que Pedro fez é especialmente proveitoso no aprendizado sobre a dinâmica entre a casa 1 e a casa 7, na astrologia mundana. Os mapas de previsões coletivas para o ano e para os meses (ingressos solares e lunações) são calculados para cada país, ou seja, cada nação vai estar relacionada a um ou mais planetas, tendo tal planeta como regente do ano, condicionado a uma série de trânsitos e aspectos no céu de maior ou menor relevância. Nessa análise, estão em pauta, naturalmente, os mapas referentes ao Japão (país que sofreu os bombardeios) e aos Estados Unidos (país responsável pelo ataque). A relação entre os planetas regentes de cada um — Vênus para o Japão, e Saturno para os Estados Unidos — é especialmente didática na compreensão do funcionamento astrológico de significação de eventos destrutivos ou potencialmente perigosos.
Pedro também põe em evidência o trânsito de Saturno em Câncer junto ao nodo norte no mesmo signo, que infelizmente viria a se manifestar de um modo terrivelmente cruel e inédito. Saturno em Câncer é um planeta em exílio, que se comporta de modo a subverter sua própria natureza. Se Saturno é um planeta da natureza do tempo maduro, da degradação lenta e gradual da matéria, quando exilado, seus modos de destruição serão o oposto — instantâneos. E não só: quando ocupa o signo de Câncer, signo que melhor representa o surgimento da vida, Saturno opera seu significado de destruição por meios lunares. Considerem o seguinte: os corpos d’água e umidade em geral são regidos pela Lua; após os bombardeios nucleares, foi registrada a queda de uma chuva escura radiativa sobre as cidades atingidas, se espalhando pelas águas e se infiltrando no solo. É a imagem precisa de um Saturno em Câncer: a destruição infiltrando de imediato na água e no solo de onde vem o alimento; isto é, naquilo que deveria nos nutrir. Tal destruição por meios lunares também se vê na obliteração dos corpos de forma tão súbita e prematura, no tempo ceifado de modo trágico e precoce. Assim foi a bomba atômica, um evento que preferíamos nunca ter conhecido, nem precisar estudar a respeito, mas que infelizmente é parte da nossa história coletiva.
Por fim, a leitura sobre os nodos lunares e a análise dos eclipses que integram esse estudo são fundamentais para perceber a natureza maléfica desses eventos — reiterando aqui a noção de malefício como aquilo que é contrário ou desafiador à vida e sua propagação; há condições e casos em que os benéficos (Júpiter e Vênus) podem trazer prejuízos, assim como os maléficos (Saturno e Marte) podem trazer benefícios, mas é importante compreender a natureza essencial que esses planetas operam. Eclipses, por outro lado, dificilmente serão interpretados como eventos benéficos, já que os astros eclipsados são o Sol e a Lua, os luminares, os astros doadores de vitalidade. É o Sol que permite a existência da vida terrestre como conhecemos, e a Lua reflete a sua luz. Nos eclipses, a luz dos luminares é interrompida; em termos simbólicos, tal interrupção é também uma perda temporária de vitalidade, de visibilidade, de consciência ou de nitidez. Dois eclipses visíveis no Japão e nos Estados Unidos antecederam os ataques nucleares de 1945, e nesse estudo também aprendemos muito sobre eles.
Por fim, fica a dica para quem se interessa por astrologia mundana, mas tem pouca familiaridade com o vocabulário e as ferramentas para análise: a edição #72 é uma bela introdução a esse ramo astrológico, com direito a glossário sobre o que são os ingressos, lunações e etc. É uma grande alegria poder ensinar, aprender junto e compartilhar esses estudos com vocês. Desejo uma boa leitura.
Ísis
Introdução
Poucos eventos do século XX são tão hipnotizantes e aterrorizantes quanto os ataques nucleares às cidades japonesas de Hiroshima (8h15, 6 de agosto) e Nagasaki (11h02, 9 de agosto) em 1945. Os bombardeios dos EUA forçaram o rendimento do Japão, oficializado em 2 de setembro, sendo esse país o último poder do Eixo a cair, terminando, assim, a II Guerra Mundial. A demonstração de tal poder tecnológico e militar mudou o mundo para sempre. "Apenas" os bombardeios, sem seus efeitos posteriores, mataram entre 130 e 220 mil pessoas – um número por si só cruelmente impreciso.
Claramente estamos tratando de um episódio importante, mas ainda assim pontual, dentro do contexto daquela guerra, um evento histórico extremamente complexo de 1939 até 1945, sendo uma própria continuidade da I Guerra Mundial. Por isso, esse texto vai se limitar a analisar astrologicamente o simbolismo dos ataques nucleares para os dois países envolvidos: EUA e Japão.
Pela natureza do evento, acredito que os nodos lunares serão pontos essenciais da análise. A tecnologia de fissão nuclear é em si extrema, atômica, invisível e fantasmagórica. A natureza elementar e comum da matéria foi subvertida de maneira inédita para gerar uma energia "sob controle humano" (entre muitas aspas). Seu uso sempre foi dúbio, tanto para intenções positivas (energia elétrica) quanto para negativas (genocídio instantâneo). Todo esse simbolismo traz à tona os extremos que os nodos representam: suas intenções extravagantes e suas transgressões irremediáveis. A própria mente e história da humanidade criando novos espaços de terror e medo através dessas extremidades.
É importante deixar claro que essas análises não servem para justificar a história ou tratar certos eventos como inevitáveis. O passado tem o peso de decisões agora inalteráveis, e sua observação é um estudo da mente humana e de seus símbolos mais primais, expressos através dessas decisões históricas. A ideia é entender quais símbolos foram fundamentais para, neste caso, compreender a manifestação de um evento definidor do século, cujas sombras até hoje nos cobrem.
A decisão militar do uso da bomba atômica também é intrincada. Sua possibilidade científica é vislumbrada desde 1938, com a descoberta da fissão nuclear — mas sua realização era uma aposta arriscada, e a Guerra do Pacífico continuou mesmo depois da rendição alemã em maio de 1945. Nesse cenário, uma invasão ao Japão, e um ataque direto da União Soviética nesse fronte (quebrando o pacto de neutralidade que havia entre esses países desde 1941) eram possibilidades bem reais. O que acabou marcando o ano, porém, foi o desenvolvimento das armas nucleares e seus potenciais impactos políticos e sociais, sob justificativa de defesa dos EUA.
Ingressos Solares de 1945
Olhando em retrospecto, o Ingresso Solar em Áries no ano de 1945 deveria trazer uma promessa da pacificação em grande escala, o que de fato ocorreu, no segundo semestre, com o fim da guerra. Ainda assim, o ano é de imensas aflições. Enxergo essa contradição na conjunção entre Lua, Saturno e nodo norte nos primeiros graus de Câncer deste ingresso.
A Lua em Câncer é uma representação da própria vida em si, da permeabilidade natural dos seres vivos e da vitalidade que flui em movimento, cultivada por meio de amor e cuidado. Mas Saturno traz as aflições do tempo e da morte para essa fonte de vitalidade — é uma conjunção muito severa para a Lua, por mais que ela prevaleça por domicílio. A valorização da força da vida se faz visível somente após os horríveis atos aqui representados por Saturno. Violências em massa, implosões estruturais, ideologias totalitárias e opressões poderosamente íntimas são símbolos muito fortes do ano de 1945. O nodo norte apenas reforça o poder irreparável dessa conjunção, com avanços tecnológicos, estratégias furtivas e apostas apocalípticas.
É interessante que Hiroshima e Nagasaki se destacaram na lista de possíveis alvos dos bombardeios por seus portos e indústrias militares de grande importância, reforçando o simbolismo de Saturno em Câncer, relacionando a infraestrutura e indústria ao elemento água. Além disso, se os nodos estão envolvidos, os eclipses no desenrolar do ano serão mais importantes que nunca, já que o Sol ou a Lua são eclipsados justamente quando estão próximos a eles.
Mapa do ano para o Japão
O mapa calculado para Tóquio se levanta com o ascendente e Vênus em Touro, sendo ela regente do ano para o Japão. Ela está muito lenta, prestes a retrogradar, e durante sua volta para Áries, quase faz uma conjunção com Marte, regente das casas 7 e 12: inimigos e estrangeiros. Nesse mapa, Marte se encontra na casa 10, em Aquário. Além de estar muito angular, há uma contra-antiscia entre Marte e Vênus, ligando diretamente o Japão ao poder que esses inimigos trazem. A rendição do Japão viria a alterar completamente sua estrutura política imperial, então essa ruptura marcial executada por poderes estrangeiros é muito precisa. A simbologia de Marte em Aquário como a violência por meios concentrados e controlados, como contidas em um "vaso", parece fazer sentido também. Ao mesmo tempo, o regente da 10 e do MC é exatamente aquele Saturno em Câncer com a Lua: o próprio fim do regime é representado nesse mapa por um testemunho que também carrega uma perda humana irreparável.
Este mapa, por ter o ascendente em signo fixo, é suficiente para o ano todo, sem necessidade dos outros ingressos solares para complementação.
Mapa do ano para os Estados Unidos
Já no mapa dos Estados Unidos, levantado para a capital Washington, o ascendente está em Libra, trazendo a conjunção da Lua e Saturno na casa 10. Essa Lua já mostra seu potencial vitorioso, mas não características amorosas e cuidadosas, já que Saturno e o nodo dividem espaço com ela.
O regente do ascendente é Vênus, assim como pro Japão, mas agora ela ocupa a casa 8. Mesmo domiciliada, essa benéfica na casa 8 aparece em alguns mapas natais famosos por seu potencial violento e destrutivo (Hitler e Jeffrey Dahmer, por exemplo), junto de outros fatores determinantes, claro. Porém, a casa 8 também representa os possíveis ganhos de interações com o estrangeiro; no caso, uma vitória militar.
Como Saturno se exalta no ascendente e está cravado no MC, ele é regente do ano para os EUA, participando também a Lua em Câncer, e em menor importância o Sol, exaltado e também angular. Sobre o último, lembro da metáfora que a banda Pink Floyd usou na música "Two Suns in the Sunset", do álbum The Final Cut, de 1983. O tema da música é o profundo pessimismo nuclear que dominou as décadas da Guerra Fria. A bomba atômica cria um novo dia, um clarão fatal, o amanhecer do fim do mundo. O Sol na casa 7, nesse contexto, pode significar como os inimigos são tratados: de maneira absoluta, com objetivo de obliteração e rendição total.
O regente da 7 — isto é, os países estrangeiros — é Marte em Aquário na 5, com poucas opções, sendo regido por um Saturno que está submetido à Lua, que representa o próprio poder dos EUA nesse mapa, um indicador de dependência e vulnerabilidade. Sua contra-antiscia a Vênus liga diretamente os EUA com seus oponentes, assim como no mapa para o Japão.
Como o ascendente do mapa dos EUA é cardinal, o ingresso solar em Câncer vem complementar esse cenário simbólico para o país, sendo o trimestre do ano astrológico em que os ataques de fato ocorreram. O mapa traz o mesmo ascendente em Libra do primeiro ingresso solar: a Vênus, novamente regente do ascendente, continua na casa 8 em Touro, agora também com Marte. Sua retrogradação no primeiro trimestre possibilitou essa conjunção que não se concretiza por grau, mas se arrasta desde Áries. Essa conjunção é entre os regentes da 1, 8 (Vênus), 2 e 7 (Marte); uma combinação, nesse contexto, de violência direta entre adversários, com objetivos definitivos. O trígono com Júpiter em Virgem, regente das casas 6 e 3, pode mostrar a relação ambivalente e obscura da participação de cientistas e acadêmicos em um projeto com fins essencialmente militares. Como a conjunção é na casa 8, esses eventos se desenrolam com distância dos principais lugares dos EUA e reforçam seu militarismo no exterior. Nesse mapa do trimestre, a casa 10, além de Saturno e nodo norte, conta também com Sol e Mercúrio em Câncer. O governo continua com seu simbolismo opressor de Saturno, agora junto do Sol, que ocupava a casa dos inimigos declarados. A conjunção do Sol com o nodo é o prenúncio dos eclipses que estão perto de acontecer.
Os eclipses
Eclipse lunar em Capricórnio em 26 de junho
Esse eclipse lunar, apesar de parcial e focado na Oceania, foi visível em Tóquio e está bastante ativo no mapa, com a Lua ocupando a casa 10 no mapa para o Japão. Saturno rege a Lua e está com o Sol; também rege o nodo sul e está com o nodo norte, e a Lua, vice-versa. Ou seja: os nodos estão especialmente conectados um ao outro, devido à disposição dos planetas regentes de cada signo, o que pode fortalecer o extremismo do eclipse. As casas 4 e 10 estão muito desfavorecidas, o que no caso, representou a destruição tangível, no solo, e a política, do governo japonês.
De novo, Vênus e Marte regem as casas 1, 8, 2 e 7, trazendo a sobrevivência e a imposição da violência como elementos fundamentais dos eventos. Como a conjunção é na casa 2, é a própria subsistência japonesa que é atacada, com prejuízos que afetam gravemente a economia. Já o trígono com Júpiter em Virgem parece a tentativa internacional frustrada de forçar o rendimento do Japão na Declaração de Potsdam. A recusa acontece pela queda que Júpiter em Virgem traz para Vênus. No dia em que a declaração foi anunciada, Mercúrio entrava em Virgem.
O eclipse parcial foi visível em Tóquio por 5h33, o que aproximadamente dá uma duração para os efeitos do eclipse de 5 meses e meio, seguindo a técnica de Ptolomeu para eclipses. O eclipse acontece bem perto do Meio do Céu, no terço central do céu visível; então, o ápice dos seus efeitos é no terço médio da sua duração total, ou seja, aproximadamente do fim de agosto até o meio de outubro. Isso abarca a data da rendição, não do bombardeio em si, mas é coerente com o mapeamento temporal do fim de um império que começou ainda em 1868.
Eclipse solar em Câncer em 9 de julho
Um eclipse solar em Câncer junto à Saturno tem um simbolismo realmente amedrontador. Saturno, em uma das suas posições mais destrutivas, pelo signo que ocupa, e pela proximidade com o Sol — o que agrava seu potencial destrutivo —, se expressa no eclipse de maneira catastrófica, inédita e assustadora. Neste mapa, o Sol eclipsado representa os Estados Unidos, enquanto Saturno, os países inimigos declarados. A Lua em Câncer é quem dispõe os dois, trazendo os significados mais drásticos de um posicionamento de casa 12: a destruição, o perigo súbito, a vulnerabilidade extrema. Marte está angular, no topo da casa 10, sendo regente das casas 4 (território) e 9 (viagens pelo ar): um ataque destrutivo que aniquila tudo que está embaixo. O ângulo MC ainda está conjunto à estrela Algol, e o ascendente, com Regulus, reforçando a violência do eclipse.
O eclipse solar foi visível em Washington por 1h50min, o que, pela técnica de Ptolomeu, tem seu impacto durante 1 ano e 10 meses. Como o eclipse acontece no primeiro terço do céu visível, seu ápice é no primeiro terço do período total: ou seja, nos primeiros 8 meses a partir da data do eclipse (o que seria até março de 1946). Esse foi o período total da vitória decisiva dos Aliados, e da rendição do Império do Japão. Os EUA, que quase não tiveram guerra em solo próprio, estavam prontos para sobressair na Guerra Fria contra a União Soviética nas próximas décadas.
De maneira geral, os eclipses reforçam todo o poder destrutivo posicionado no signo de Câncer esses anos. No fim dessa lunação, com a Lua novamente em Câncer, aconteceria o bombardeio de Hiroshima, no dia 6 de agosto, pouco mais de um mês após o eclipse. Entre os dois bombardeios, há uma Lua Nova em Leão.
Estes foram algumas ocorrências do trimestre de verão, após os eclipses:
acontece o teste nuclear Trinity dos EUA (16 de julho);
Nagasaki entra na lista de possíveis alvos, no lugar de Kyoto (25 de julho);
os países Aliados fazem a declaração de Potsdam, exigindo a rendição do Japão, que se nega (26 de julho).
Os bombardeios
Hiroshima
É impossível fugir do simbolismo do Saturno e do nodo norte em Câncer no mapa do primeiro bombardeio. O ataque de Hiroshima acontece em uma segunda, dia da Lua, com a Lua e Saturno em Câncer em conjunção apertadíssima, e agora, Vênus também ocupa Câncer. O regente do ascendente dos ISAs dos dois países envolvidos, Vênus, agora está a 1º de Câncer, muito perto das posições da Lua (2º) e Saturno (4º) nos mapas anuais dos dois países (mapas do Ingressos Solar em Áries). Câncer, um signo relacionado ao cuidado e nutrição, é ocupado por Saturno e pelo nodo norte, subvertendo seus significados essenciais e demonstrando o potencial da guerra e da tecnologia para criar modos de destruição antes impensáveis, um horror à própria possibilidade da vida em si. Mercúrio em Virgem, apesar de domiciliado e exaltado, aparece aflito por estar quase retrógrado e em quadratura com Marte. Sua posição em Gêmeos ajuda apenas na sua eficácia em causar dano.
Nagasaki
O ataque de Nagasaki acontece após a Lua Nova em Leão. Esse ataque é mais tarde, teve mais imprevistos, e essa cidade curiosamente foi a que entrou na lista para fazer uma substituição à cidade de Kyoto. A Lua está quase com Mercúrio, que já concluiu seu sextil retrógrado com Vênus. Saturno agora está em antiscia com Marte em Gêmeos.
O que dizer? Quantas pessoas morreram instantaneamente ao longo desses mapas que analisamos? Quantas doenças novas e incidentes bizarros acometeram a natureza da região? Saturno em Câncer é capaz de coisas realmente brutais. A instantaneidade da destruição é muito contraintuitiva, e o nodo norte distorce isso de forma pavorosa. O próprio tecido da vida sofre um dano irreparável.
Rendição oficial do Japão
Nos dias 14 e 15 e agosto, o Imperador japonês comunicou ao país e ao mundo a decisão do Império se render. Nesses dias, a Lua se encontra em Escorpião, ativando as posições de Vênus e Marte no eclipse lunar de 26 de junho: a Lua exilada e eclipsada de lá, agora está humilhada, em queda, rendida.
Mas a rendição oficial que traz o fim da II Guerra Mundial acontece apenas no dia 2 de setembro, em outra conjunção de Lua e Saturno em Câncer. Júpiter entra em Libra e um grande ciclo de pacificação, responsabilizações, anistias e negociações começa.
E assim, a II Guerra Mundial se encerra. Com certeza, analisar mais da guerra como um todo, especialmente a Guerra do Pacífico, poderia trazer ainda mais indicações precisas nesse mapa.
Conclusões
Saturno em Câncer definitivamente impôs seus significados nesse ano de 1945. A participação do nodo norte e dos eclipses foram indispensáveis para entender o tempo, a profundidade e os efeitos dos eventos.
É claro que analisar o passado é fácil, no sentido de não ter riscos de erro. Mas os encaixes simbólicos são muito precisos. A astrologia mundana permite a identificação de símbolos muito evidentes, e parece um ótimo jeito de verificar se a compreensão sobre eles está bem fundamentada.
Os mapas de 1945 revelam de forma inequívoca que esse evento foi de natureza saturnina/nodal, tomando corpo em Câncer, e com Vênus participando por expor os pontos de fragilidade para o Japão e de oportunidades para os EUA, verificável nos mapas anuais para ambos os países. Pontualmente, também tivemos um Mercúrio muito aflito por Marte em Gêmeos, no estilo estadunidense: duplo, estridente e cruel.
Importante notar que as posições de Urano em Gêmeos, Netuno em Libra e Plutão em Leão pareceram não participar muito. O uso inédito de tecnologia de ponta parece mais ativado pelo nodo norte e por Saturno, e não pelos planetas transsaturninos. O ISA dos EUA tem Netuno em Libra cravado no ascendente; talvez algum descritivo possa ser adicionado, mas sua posição não foi ativada pelos outros mapas. A Lua Nova em Leão entre os bombardeios está em conjunção separativa de 5 graus com Plutão; tarde demais para trazer um simbolismo com a profundidade necessária. Também nos bombardeios, Marte se aproxima de Urano em Gêmeos; talvez um agravante, mas não um dos pontos-chaves ou "gatilhos" dos mapas. Quando Júpiter entra em Libra e fica bem perto de Netuno, a II Guerra Mundial acaba, e um novo desenho geopolítico começa; talvez esse ciclo seja interessante de analisar em grandes intervalos.
Agradeço muito sua leitura! A partir daqui, uma imensa variedade de mapas históricos podem ser resgatados, repleta de compreensões simbólicas profundamente ligadas à humanidade. Que outros eventos merecem esse olhar? Vamos investigar, junto a essa incrível comunidade astrológica brasileira!
Bibliografia
https://www.timeanddate.com/eclipse/in/japan/tokyo?iso=19450625
https://www.timeanddate.com/eclipse/in/usa/washington-dc?iso=19450709
https://en.wikipedia.org/wiki/Potsdam_Declaration
https://en.wikipedia.org/wiki/Surrender_of_Japan
https://en.wikipedia.org/wiki/Atomic_bombings_of_Hiroshima_and_Nagasaki
Boa tarde! Muito bom o texto, e dá pano pra manga. Gostaria apenas de entender uma passagem no início do texto sobre o mapa do ano para o Japão, onde é falado sobre uma quase conjunção futura de Vênus (prestes a retrogradar) com Marte. Esse aspecto seria uma contra-antíscia? Obrigado.